Uso de probióticos e glutamina em casos de desnutrição

Cerca de 160 milhões de pessoas no mundo encontram-se desnutridas. A perda de peso aumenta o risco de morte e, de fato, esta é a principal causa de óbitos em crianças menores de 5 anos. Vários fatores contribuem para a desnutrição na infância como o desmame precoce, a pobreza ou insegurança alimentar, doenças. Em adultos, a desnutrição relaciona-se frequentemente a condições desfavoráveis de vida, transtornos psiquiátricos, doenças (esofagite, estenose esofágica, úlcera, colites, síndromes de má absorção, deterioração dentária, demência, doença de parkinson, hipertireoidismo ou hiperparatireoidismo, insuficiência cardíaca, doença pulmonar obstrutiva crônica, insuficiência renal, tumores etc), alcoolismo, solidão, depressão, falta de suporte social etc.

Enteropatias e desnutrição (Salameh et al., 2019)

Enteropatias e desnutrição (Salameh et al., 2019)

A recuperação da desnutrição envolve muitas estratégias, incluindo aconselhamento dietético, suplementação, uso de sondas ou mesmo terapia parenteral. Também é importante cuidar da microbiota. A desnutrição é frequentemente acompanhada de disbiose intestinal, com inversão aberrante da proporção de microorganismos anaeróbios para anaeróbios facultativos. Nos casos em que a desnutrição continua, a perda da microbiota intestinal anaeróbica madura saudável leva gradualmente a uma deficiência na captação de energia, piora da resposta imune, redução na síntese de vitaminas, piora da digestão, agravamento da má absorção e maior risco de diarreia e sepse por invasão sistêmica de bactérias patogênica.

Em caso de diarreia a suplementação de probióticos contendo Saccharomyces boulardii, Bifidobacterium longum e Bifidobacterium pseudolongum, associado à suplementação de glutamina (5 a 20g/dia) tem-se mostrado eficaz, juntamente com uma dieta hipercalórica e constipante. A suplementação de zinco também é interessante, melhorando a imunidade e ajudando a reduzir a inflamação intestinal.

Suplementos indicados:

Suplementos de zinco:

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Genética não é destino | Fitonutrientes e expressão genética

Exames nutrigenéticos nos possibilitam a compreensão de nossa herança. Tais tecnologias nos informam sobre as principais estratégias para que possamos prevenir ou reduzir o risco de doenças. A expressão genética é regulada por três mecanismos principais, mostrados na figura:

  • metilação do DNA regulada por nutrientes como ácido fólico (B9), B12, colina, metionina, capsaicina, curcumina, luteolina etc;

  • interação de microRNAs (nutrimirômica) com o material genético. Podem impedir a transcrição do DNA. Fitonutrientes como garcinol, capsaicina, luteolina e mangostin alteram a ação dos microRNAs;

  • modificação de histonas H1 (sustentação) ou octâmeros de histonas, por acetilação, desacetilação, ribosilação, metilação, fosforilação etc, alterando a resposta genética, em relação ao que acontece no ambiente. Muitos fitonutrientes atuam aqui como shogaol, anetol, sesamin e bisaboleno.

A nutrigenômica é a ciência que estuda a maneira de como nutrientes em compostos bioativos podem interagir com o genoma e influenciar na expressão de genes. O objetivo é utilizar alimentos e nutrientes para modular alterações genéticas e potencializar a saúde. Vários compostos podem alterar os processos de expressão gênica:

Gupta et al., 2020

Gupta et al., 2020

Muitas pessoas perguntam-me se podem ter um dia da semana para comerem “besteiras”, alimentos do tipo fast food, doces etc. Estes alimentos podem eventualmente entrar na dieta mas não dá para ser um dia inteiro de alimentos pouco saudáveis pois você deixará de fornecer às células compostos que regulam a expressão de genes. Para pessoas com vulnerabilidades genéticas, um dia inteiro de alimentos desprovidos de compostos bons podem contribuir para um estrago danado. Por isso, pense em incluir estes alimentos dentro de um contexto de dieta saudável. Ou seja, a dieta é sempre saudável e, de vez em quando, em algum momento do dia, entra aquele algo extra para matar a vontade ou permitir a socialização em uma festa ou encontro.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Formas mais e menos disponíveis de vitamina B1

As 8 vitaminas do complexo B são fundamentais para nossa saúde. São todas hidrossolúveis, dissolvendo-se em água. A vitamina B1 (tiamina) atua conjuntamente com 24 enzimas com diferentes funções:

  • ativação da produção de energia no ciclo de Krebs;

  • favorecimento do metabolismo de gorduras e carboidratos (açúcares);

  • produção de aminoácidos;

  • manutenção da bainha de mielina;

  • produção de neurotransmissores (acetilcolina, GABA, glutamato).

Quando os estoques em órgãos chave como coração, músculo, cérebro ou rins acabam surgem sintomas como fadiga, problemas neurológicos, piora do raciocínio e criatividade, instabilidade emocional. Mas como suplementar? Quais é a forma mais biodisponível?

O termo biodisponibilidade refere-se à proporção de um nutriente consumido que é absorvida, ficando disponível para a utilização pelo organismo. A biodisponibilidade dos nutrientes provenientes da dieta e de suplementos alimentares é influenciada por vários fatores, incluindo o estado nutricional, saúde e estágio de vida do indivíduo. Os fatores relacionados à dieta que afetam a biodisponibilidade dos nutrientes incluem a sua forma química, as interações entre os nutrientes e outros componentes dos alimentos e o processamento do alimento.

Vit. B1.png

A tabela mostra a necessidade média da população (EAR) e a recomendação (RDA). A deficiência de tiamina é rara mas pode ocorrer devido a uma baixa ingestão de alimentos que contenham tiamina, diminuição da absorção no intestino ou aumento das perdas na urina, como com o abuso de álcool ou certos medicamentos, como diuréticos.

Uma deficiência mais grave de tiamina pode levar ao beribéri, que causa perda muscular e diminuição da sensação nas mãos e nos pés (neuropatia periférica). Como o beribéri prejudica os reflexos e a função motora, pode levar ao acúmulo de fluido no coração e nos membros inferiores.

Outro resultado da deficiência grave de tiamina frequentemente observada no abuso de álcool é a síndrome de Wernicke-Korsakoff, que pode causar confusão mental, perda de coordenação muscular e neuropatia periférica. Ambos os tipos de deficiência também são observados em condições gastrointestinais comprometidas, como doença celíaca ou cirurgia bariátrica, ou pessoas com HIV / AIDS.

A tiamina é destruída com cozimento em alta temperatura ou longos tempos de cozimento. Ela também se perde em qualquer água de cozimento que seja jogada fora. Também pode ser removida durante o processamento de alimentos, como no caso de pão branco refinado e arroz branco. O uso crônico de diuréticos, o consumo frequente de cafeína e de álcool favorecem também a excreção de tiamina.

Não confunda a Dose Diária Recomendada ou adequada com a Dose Terapêutica. A dose adequada (em inglês recommended dietary allowance) é a quantidade do nutriente necessária a pessoas saudáveis para manutenção da saúde. Embora seja uma quantidade adequada para prevenção de deficiência na maior parte das pessoas, pode não ser adequada para curar uma carência nutricional.

O tratamento da deficiência consiste em suplementos de altas doses ou injeções, acompanhada de uma dieta balanceada. Em relação à forma química da vitamina B1, temos suplementos orais com:

  • Alta biodisponibilidade: benfotiamina

  • Média biodisponibilidade: cloridrato de tiamina

Marque uma consulta para estudarmos suas necessidades e melhor forma de suplementação, assim como a dosagem mais adequada ao seu caso. A suplementação de tiamina é útil para melhoria do humor, função cognitiva, tratamento das doenças de Alzheimer e Parkinson, nefropatia diabética, pós-cirurgia bariátrica, insuficiência cardíaca e também para mulheres diagnosticadas com diabetes gestacional.

ATENÇÃO: em pacientes com câncer, o uso de tiamina deve ser evitado.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/