A moda do goji berry

Volte e meia a indústria inunda o mercado com algum alimento ou suplemento milagroso. Há alguns anos foram os cogumelos, depois o suco de noni e agora a fruta goji berry. Já ouviu falar?

As frutas ou bagas goji têm sido usadas ​​na medicina chinesa há mais de 6.000 anos. Orientais afirmam que a fruta seca tem o potencial de estimular o sistema imunológico e atividade cerebral , proteger contra doenças cardíacas e câncer, além de aumentar a expectativa de vida. As frutas são fontes de vitamina C, vitamina B2, vitamina A, ferro, selênio e outras substâncias antioxidantes. Contudo não existem evidências confiáveis de que as alegações as diferenciem de outros alimentos com os mesmos nutrientes. Os estudos com esta fruta ainda parecem inconclusivos. Mesmo assim a Goji berry virou moda em todo mundo, principalmente por ser consumida por celebridades como Madonna. 

Mas não se deixe enganar por reportagens sensacionalistas que propagam perda de peso de até 5 kg. Se você observar bem, a proposta de qualquer uma das dietas divulgadas na internet e em revistas de saúde trabalha com redução calórica e consumo de alimentos saudáveis. Ou seja, você até pode consumir goji berry, para diversificar sua alimentação. Mas porque pagar R$120,00 em uma caixa de comprimidos se você pode consumir laranja, mamão, beterraba, cenoura, castanhas e outros alimentos ricos em antioxidantes? Eles deixarão sua dieta mais colorida, mais saborosa e entregarão os mesmos nutrientes que seu corpo precisa para produzir músculos, anticorpos, para fortalecer seu organismo e para reparar células.

Livro: Unmasking Superfoods: The truth and hype about quinoa, goji berries, omega 3s and more 

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Soja: amiga ou inimiga da saúde?

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A alta concentração de fitoestrógenos da soja chamaram a atenção de muitos pesquisadores em todo o mundo. Estudos preliminares haviam mostrado que a substância estava associada à redução do colesterol, à diminuição das ondas de calor em mulheres na perimenopausa, à prevenção do câncer de mama e  próstata e ao combate à obesidade e osteoporose.  Contudo, estudos mais recentes trouxeram dúvidas quanto a estas alegações.

Pesquisa publicada em 2006 pela American Heart Association ( AHA)  mostrou que o consumo de 50 gramas de soja por dia diminui o LDL colesterol em apenas  3 %. Esta quantidade de soja equivale a 1,5 kg de tofu ou  8 copos de leite de soja por dia, quantidades extremamente grandes na dieta da esmagadora maioria das pessoas. Está certo que indivíduos que consomem soja tendem a consumir menos carne vermelha e outros alimentos ricos em gordura saturada, o que contribui  para a redução do colesterol.

O mesmo estudo analisou o uso das isoflavonas na redução dos sintomas da menopausa e concluiu que era improvável que tais substâncias tivessem atividade estrogenica suficiente para ter um impacto importante neste caso. A instituição não indica também o uso de suplementos de isoflavonas. Mesmo assim, o assunto não é consenso entre os pesquisadores da área.

Quanto ao câncer, os estudos são ainda mais controversos. Enquanto alguns apontam benefícios pequenos outros não encontram esta associação. Meta-análises recentes mostraram ser mais importante manter um peso saudável, evitar o consumo de álcool, diminuir o consumo de carne vermelha e aumentar o de vitamina D. Outros estudos, mostram ainda que a soja poderia estimular o crescimento de células cancerígenas nas mamas.

Ainda sobre este assunto, o tempo  de ingestão de soja pode fazer a diferença. Estudo de Shanghai identificou que as mulheres com maior ingestão de proteína de soja por toda a adolescência e início da idade adulta tinham  um risco 60 por cento menor de desenvolver câncer de mama na pré-menopausa do que as mulheres com  menores consumos deste alimento.

Em homens, meta-análises de 2005, 2007 e 2009 mostraram que o consumo de soja levou à redução do câncer de próstata. De qualquer forma, os resultados parecem melhores com o consumo de soja fermentada na forma de tofu, missô ou tempeh. Nestas formas e em quantidades pequenas, não existem efeitos adversos em homens.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

O perigo das dietas desequilibradas

A auxiliar de laboratório Karina Gonçalves, de 20 anos, queria eliminar 10 kg de forma rápida, para aproveitar o carnaval. Passou 8 meses tomando shakes e remédios para emagrecer e acabou perdendo, temporariamente, os movimentos das pernas. O motivo é o beribéri, doença nutricional causada pela deficiência da vitamina B1 (Tiamina).  De acordo com o site G1, a mãe de Karine tentou alertar, mas a jovem não ouviu.

Mãe ajuda Karine a se locomover dentro de casa (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)

Antes do diagnóstico Karine foi atendida por oito médicos diferentes até que a dieta passou a ser investigada. A vitamina B1 está presente em cereais integrais como o arroz, em vegetais, nas nozes e castanhas. Uma alimentação restritiva tende a provocar carências desta e outras vitaminas, minerais e fitoquímicos.

Em dez dias, Karine deve voltar a andar, mas os sintomas poderiam ter sido piores já que o beribéri também pode provocar falta de ar, sintomas gastrintestinais, como vômito, confusão mental e paralisia. Karine disse que aprendeu a lição e vai passar por uma reeducação alimentar. Espera também servir de exemplo para outras pessoas.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/