Estresse oxidativo no autismo

O artigo "The Role of Nutrition, Oxidative Stress, and Trace Elements in the Pathophysiology of Autism Spectrum Disorders" analisa como fatores nutricionais, estresse oxidativo e elementos traço podem influenciar o desenvolvimento e a progressão dos Transtornos do Espectro Autista (TEA).

Principais pontos do artigo:

  1. Nutrição e TEA – Deficiências nutricionais, como baixos níveis de vitaminas do complexo B, vitamina D e ácidos graxos ômega-3, podem afetar o desenvolvimento neurológico e agravar sintomas do TEA.

  2. Estresse Oxidativo – Indivíduos com TEA frequentemente apresentam altos níveis de estresse oxidativo, com produção excessiva de radicais livres e deficiências em antioxidantes como a glutationa. Isso pode contribuir para inflamações cerebrais e disfunções neuronais.

  3. Elementos Traço – Desequilíbrios em metais essenciais (como zinco, ferro e selênio) e exposição a metais tóxicos (como chumbo e mercúrio) podem estar associados a déficits cognitivos e comportamentais em pessoas com TEA.

  4. Papel da Dieta e Suplementação – Intervenções dietéticas, incluindo suplementação com antioxidantes e correção de deficiências nutricionais, podem ajudar a modular sintomas e melhorar a qualidade de vida de pacientes com TEA.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Análises de precisão no autismo

A medicina e a nutrição de precisão visam adaptar avaliações de risco, diagnósticos, prevenções e terapias às características únicas de cada indivíduo, melhorando a qualidade de vida e a saúde pública (Gabis, Gross, & Barbaro, 2021). Estas ciências buscam combinar novos tratamentos baseados em mecanismos patofisiológicos com testes objetivos (biomarcadores de estratificação) para prever qual tratamento pode ser benéfico para uma pessoa em particular.

Embora alguns indivíduos com TEA sejam altamente funcionais e necessitem de pouco ou nenhum suporte para viver de forma independente, outros são moderada a severamente afetados, o que pode reduzir drasticamente a qualidade de vida deles e de suas famílias. Para esses indivíduos, uma abordagem  de precisão pode levar a uma mudança crítica no cuidado (Kostic, & Buxbaum, 2021).

Historicamente, diversos tratamentos, incluindo análise comportamental aplicada, treinamento de habilidades sociais, terapia ocupacional, fisioterapia, terapia de integração sensorial e o uso de tecnologias assistivas, têm melhorado a vida de indivíduos afetados. No entanto, a variabilidade na resposta ao tratamento destaca a necessidade de abordagens cada vez mais personalizadas.

A relação entre distúrbios metabólicos e o transtorno do espectro autista (TEA) ganhou força com evidências crescentes de que fatores como excesso de amônia, disfunções mitocondriais e desequilíbrios da microbiota intestinal, níveis elevados de glutamina, glicina e ornitina estão presentes em subgrupos significativos de pacientes (Smith et al., 2019).

Um estudo publicado em 2020 identificou que crianças autistas apresentavam níveis fecais de amônia significativamente mais altos que os controles neurotípicos, além de metabolismo de aminoácidos alterado e estresse oxidativo acentuado (Saleem et al., 2020). Disbiose intestinal e hiperamonemia devem ser monitoradas em casos de regressão, autismo regressivo ou TEA com sintomas flutuantes

Estudos mostram que no caso de disfunção mitocondrial estratégias como dieta low carb ou cetogênica, suplementos específicos (coenzima Q10, NAC e vitaminas do complexo B) devem ser considerados (Frye, & Rossignol, 2016).

Outro estudo mostrou alterações na microbiota oral e contribuição de enzimas das vias de degradação da serotonina, GABA e dopamina. Estudar a mirobiota oral e fecal é muito importante (Manghi et al., 2024).

O estudo intitulado "A robust microbiome signature for autism spectrum disorder across different studies using machine learning" investigou a associação entre o microbioma intestinal e o transtorno do espectro autista (TEA). A análise identificou 26 táxons bacterianos que podem prever o status de TEA com uma área sob a curva (AUC) superior a 80% nos classificadores de melhor desempenho. Esses resultados sugerem uma forte associação entre o microbioma intestinal e o TEA, indicando o potencial do microbioma como alvo para intervenções terapêuticas.

Especificamente, a análise revelou uma redução de bifidobactérias em crianças com TEA, o que está associado a alterações no metabolismo do triptofano, um composto relacionado à gravidade do TEA. Além disso, foram observados níveis anormais de Clostridia, bactérias associadas a uma maior suscetibilidade a distúrbios do neurodesenvolvimento e a certos parâmetros comportamentais no TEA. Houve também uma redução de Butyricicoccus, cuja recuperação foi observada em modelos animais de TEA após transplante de microbiota fecal (Peralta-Marzal et al., 2024).

Essas alterações não apenas reforçam o papel do eixo intestino-cérebro, como também sustentam o uso do testes metagenômicos e metabolômicos de ácidos orgânicos (OAT) como ferramenta complementar na avaliação clínica do autismo. Um estudo com cromatografia gasosa e espectrometria de massa mostrou que os perfis de ácidos orgânicos na urina podem ajudar no rastreio metabólico do autismo. Em paralelo, marcadores bacterianos de Clostridia, altamente frequentes nos resultados de OAT em pacientes autistas, têm sido associados a sintomas como agressividade, irritabilidade, distúrbios do sono e comportamentos estereotipados (Vellingiri et al., 2022). Observar mudança de odor na urina é importante.

Estudos de ácidos orgânicos urinários, como ácidos oxálico, láctico e arabinose ajudam no tratamento precoce de questões de saúde. Ácido oxálico urinário alto pode incluir no caso de cálculos, mas também em distúrbios metabólicos e síndromes de má absorção intestinal. Ácido lático elevado é comum na disfunção mitocondrial e na deficiência de tiamina. Arabinose elevada pode surgir quando há supercrescimento de fungos no intestino (Sertoglu et al., 2023).
Os dados atuais apontam para uma nutrição de precisão voltada ao perfil metabólico de cada indivíduo com TEA, com potencial de transformar abordagens clínicas e melhorar desfechos. Aprenda mais nos cursos de genômica nutricional e nutrição no autismo.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Ética e alimentação

Pensar ética e alimentação, pode envolver estudos sobre estilos de culinária, modos à mesa, controle de peso, nutrição, etiqueta alimentar, estética gustativa, importância da comida em diferentes culturas, produção e consumo de alimentos.

Por que ética e alimentação? Ética é o estudo do que é bom e ruim e de quais ações são certas (obrigatórias ou pelo menos permitidas) e quais são erradas ou proibidas. Veja que o que é considerado certo para um pode ser considerado errado para outro ou em uma cultura diferente.

Quando fazemos algo "errado", somos eticamente responsáveis por nossas ações. Isso não significa que você esteja legalmente em apuros. Princípios éticos são tipicamente mais rigorosos do que princípios legais; uma ação que é legalmente permitida (como mentir para seu médico, nutricionista, marido, mãe) ainda pode ser eticamente errada.

Estou usando aqui, como a maioria das pessoas e filósofos ética como sinônimo de moral. Mas se quiser ser mais preciso existe uma diferença que está no escopo e na origem de cada conceito:

  • Moral: Conjunto de regras, normas e valores seguidos por um indivíduo ou sociedade. Está ligada a costumes, cultura e crenças, podendo variar de um grupo para outro. Exemplo: em algumas culturas, é moralmente aceitável casar cedo; em outras, não.

  • Ética: Reflexão filosófica sobre a moral. A ética busca entender, questionar e sistematizar princípios morais, avaliando o que é certo ou errado de forma mais racional e universal. Exemplo: um médico pode questionar eticamente se deve manter um paciente vivo por aparelhos, mesmo que a moral religiosa diga que sim.

Na nutrição, embora estudarmos alimentação, quem decide o que comer é o paciente, com base nos próprios valores. Há diferença sobre o que é comestível e o que não é para cada pessoa, de acordo com sua cultura, região geográfica, recursos disponíveis. Não existem respostas universais para as questões éticas do ato alimentar.

Mas, pensar como os alimentos são produzidos, transportados, beneficiados, divulgados, vendidos, especialmente em países industrializados nos permite escolher de forma informada.

Obviamente, há muitas pessoas que tentam nos dizer o que devemos comer, seja por questões estéticas, de saúde, comunitárias, ambientais, econômicas e até de moda. Quero discutir sobre isto em uma nova série do YouTube sobre ética e alimentação. Mas primeiro vou buscar parcerias para a produção dos vídeos. Se você tem uma empresa de alimentação ética e deseja patrocinar o projeto entre em contato.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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