O transtorno obsessivo compulsivo (TOC) é uma condição debilitante caracterizada por pensamentos e ideias intrusivas e indesejáveis (obsessões) e comportamentos recorrentes e indesejáveis (compulsões). As estratégias de tratamento incluem psicoterapia cognitivo-comportamental associada a uso de inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS) e modulação da bioenergética cerebral, por meio de nutrição e suplementos adequados.
TRATAMENTO DO TOC
Com medicação (inibidores de recaptação de serotonina) e terapia a maioria das pessoas começa a apresentar melhoras significativas dos sintomas a partir da 12a semana (3o mês).
No entanto, entre 40-60% dos pacientes com TOC apresentam sintomas residuais incapacitantes. Por isto, outras estratégias precisam ser associadas ao tratamento tradicional.
O paciente deve adotar um estilo de vida saudável, dormir bem, fazer atividade física moderada, adotar dieta antiinflamatória e suplementação que beneficie o sistema nervoso como um todo. Outro ponto é cuidar do intestino.
Eixo intestino-cérebro
A comunicação entre a microbiota intestinal e o cérebro é bidirecional e multifacetada. Vias neurais, hormonais, imunes e metabólicas têm sido sugeridas. São papeis da microbiota intestinal:
Produzir neurotransmissores, incluindo dopamina, norepinefrina, serotonina e ácido gama-aminobutírico (GABA).
Sintetizar ácidos de cadeia curta (AGGC) que podem regular as atividades microgliais. Explico neste outro texto.
Regular as histonas desacetilases e, assim, reduzir a inflamação.
Normalizar o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) para aliviar o estresse.
Modular a permeabilidade da barreira intestinal e da barreira hematoencefálica reduzindo a infiltração bacteriana e respostas inflamatórias.
Aumentar o fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), uma molécula essencial para a saúde dos neurônios.
Regular o sistema imune.
Alguns pacientes com TOC apresentam alterações nas citocinas circulantes e nas células imunes. Por isso, antidepressivos e terapias cognitivas sozinhas não fazem efeito.
Individualização da suplementação
Nenhum paciente é igual ao outro. Um nutricionista precisará identificar os principais sintomas relatados pelo paciente ou família, correlacionando-os com o neurotransmissor provavelmente envolvido. Para melhor selecionar os suplementos este profissional precisa conhecer os fatores que influenciam a produção, ação em receptores, recaptação e metabolismo de cada receptor.
Deve conhecer produtos fitoterápicos, nutracêuticos, seus mecanismos de ação, as possíveis interações com medicamentos para que possa fazer recomendações que beneficiem os pacinetes. Também deve identificar fatores extras da fisiopatologia de base da doença em questão (estresse oxidativo, neuroinflamação, excitotoxicidade glutamatérgica, hiperatividade do eixo HPA, redução da neuroplasticidade, disfunção sináptica, disfunção mitocondrial) para que possa individualizar as condutas, a partir do diagnóstico psiquiátrico/neurológico.
Existem inúmeras opções de suplementos mas sem a análise, ficamos limitados e dando tiros no escuro. Mas para não te deixar sem nenhuma dica, seguem alguns compostos possíveis em diferentes situações:
Melhoria do sono: melatonina, aminoácidos, B6
Redução de homocisteína: B12, metilfolato, P5P, TMG, se necessário.
Redução da inflamação: curcumina, ômega- 3.
Melhoria da performance cognitiva: bacopa monieri, magnésio treonato.
Componentes para sinaptogênese: citicolina, DHA.
Estresse oxidativo: antixoidantes, mix de tocoferois e tocotrienois, selênio, NAC, ascorbato, ácido alfa-lipóico.
Melhoria da função mitocondrial: coenzima q10 ou ubiquinol, ácido alfa-lipóico, PQQ.
Melhoria de foco: ácido pantotênico.
Aumento de Sirt1: resveratrol.