Energia, Reparo Celular e Longevidade: Bases Moleculares do Envelhecimento Saudável

O corpo precisa de energia. Por isso, comemos e respiramos. Contudo, o corpo precisa fazer reparo. E neste momento precisamos dormir e jejuar. A manutenção da estabilidade genômica por meio de mecanismos de reparo do DNA é crucial para o funcionamento celular adequado e está implicada no envelhecimento e na longevidade humana [1] [2] [3].

Intervenções dietéticas, como restrição calórica (RC), jejum intermitente (JI) e dietas específicas, como a mediterrânea e a cetogênica, promovem o envelhecimento saudável modulando vias moleculares envolvidas no reparo celular, na inflamação e na regulação metabólica [4] [5].

Genes e vias específicas, incluindo sirtuínas (por exemplo, SIRT1), insulina/IGF-1, sinalização mTOR e fatores de transcrição FOXO, desempenham papéis significativos na regulação da expectativa de vida e da saúde em diversas espécies, incluindo humanos [6] [7] [8] [9].

Reparo do DNA e Estabilidade Genômica

O reparo do DNA é um mecanismo evolutivamente conservado, essencial para restaurar a homeostase genética, com evidências crescentes que o relacionam ao envelhecimento e à longevidade [1]. Defeitos congênitos no reparo do DNA podem levar a síndromes de envelhecimento precoce e aumento da suscetibilidade ao câncer, enquanto as lesões no DNA se acumulam com a idade, comprometendo a função celular e aumentando o risco de câncer [2].

O direcionamento dos mecanismos de resposta a danos no DNA (DDR) e o aprimoramento das capacidades de reparo do DNA são estratégias emergentes para mitigar fenótipos associados à idade, reduzir o risco de câncer e prolongar a vida saudável, mantendo a integridade e a funcionalidade dos genomas somáticos [2] [3]. Estudos com organismos aquáticos longevos também destacam a ligação entre estresse oxidativo, vias de reparo do DNA e longevidade [10].

Vias Moleculares e Intervenções Dietéticas

A família das sirtuínas, particularmente a SIRT1, é um grupo altamente conservado de histona desacetilases ligado ao metabolismo, à resposta ao estresse, ao reparo de danos no DNA e à inflamação. A superexpressão de homólogos da SIRT1 prolonga a vida em vários modelos animais, e sua atividade está associada ao prolongamento da vida devido à restrição calórica [6]. O resveratrol, um composto ativador de sirtuínas, tem sido estudado pelos seus efeitos na saúde e na longevidade [6].

Intervenções dietéticas como a restrição calórica (RC) e o jejum intermitente (JI) têm demonstrado efeitos promissores na promoção do envelhecimento saudável e no prolongamento da vida em organismos modelo e em humanos. Essas intervenções modulam vias-chave como mTORC1, AMPK e sinalização da insulina, e podem induzir um estado semelhante ao da restrição alimentar, como observado com o cinamaldeído em C. elegans [4] [5] [11] [12]. A geleia real e seus componentes também promovem o envelhecimento saudável e a longevidade em várias espécies, através da regulação negativa de fatores de crescimento semelhantes à insulina e da ação da rapamicina, entre outros mecanismos [9].

Outros mecanismos que influenciam a longevidade incluem a regulação da excitação neural pelo fator de transcrição REST, que é superexpresso em humanos longevos e reprime genes relacionados à excitação [13]. Além disso, a hipóxia, ou disponibilidade reduzida de oxigênio, tem sido explorada como uma possível intervenção para promover o envelhecimento saudável e prolongar a vida, convergindo em efetores a jusante como o FOXO [14].

A longevidade não é resultado exclusivo da produção de energia, mas do equilíbrio entre períodos de abundância e de reparo. Dormir, jejuar e modular a ingestão energética ativam programas moleculares voltados à manutenção da estabilidade genômica, ao reparo do DNA e à preservação da função celular.

Evidências acumuladas demonstram que intervenções dietéticas e metabólicas regulam vias centrais como sirtuínas, mTOR, AMPK, insulina/IGF-1 e FOXO, integrando metabolismo, resposta ao estresse e integridade genômica. Quando esse eixo é favorecido, ocorre redução da inflamação, melhora da eficiência do reparo molecular e desaceleração dos processos associados ao envelhecimento.

Assim, o envelhecimento saudável emerge não como um evento passivo, mas como um processo biologicamente regulável, profundamente dependente de escolhas metabólicas que favorecem o reparo, a adaptação e a preservação do genoma ao longo da vida.

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Referências

1) Y Tang et al. Decoding DNA repair regulation across human lifespan variability. Ageing research reviews (2025). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/40651558/

2) D Toiber et al. Targeting Genome Stability to Mitigate Human Aging and Disease. Annual review of pathology (2025). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/41086257/

3) A Bujarrabal-Dueso et al. Targeting DNA damage in ageing: towards supercharging DNA repair. Nature reviews. Drug discovery (2025). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/40506534/

4) R Surugiu et al. Molecular Mechanisms of Healthy Aging: The Role of Caloric Restriction, Intermittent Fasting, Mediterranean Diet, and Ketogenic Diet-A Scoping Review. Nutrients (2024). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/39275194/

5) DS Hwangbo et al. Mechanisms of Lifespan Regulation by Calorie Restriction and Intermittent Fasting in Model Organisms. Nutrients (2020). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32344591/

6) B Rogina et al. SIRT1, resveratrol and aging. Frontiers in genetics (2024). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/38784035/

7) PK Ankrah et al. Harnessing Genetics to Extend Lifespan and Healthspan: Current Progress and Future Directions. Cureus (2024). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/38571872/

8) G Tombline et al. Proteomics of Long-Lived Mammals. Proteomics (2019). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31737995/

9) H Kunugi et al. Royal Jelly and Its Components Promote Healthy Aging and Longevity: From Animal Models to Humans. International journal of molecular sciences (2019). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31547049/

10) A Wojtczyk-Miaskowska et al. DNA damage and oxidative stress in long-lived aquatic organisms. DNA repair (2018). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30031322/

11) Y Guo et al. Dietary cinnamon promotes longevity and extends healthspan via mTORC1 and autophagy signaling. Aging cell (2025). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/39760475/

12) R de Cabo et al. The search for antiaging interventions: from elixirs to fasting regimens. Cell (2014). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/24949965/

13) JM Zullo et al. Regulation of lifespan by neural excitation and REST. Nature (2019). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31619788/

14) A Nisar et al. The Role of Hypoxia in Longevity. Aging and disease (2025). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/39965249/

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/