Programação epigenética

A nutrição personalizada, que em 2014 era vista como a ciência do futuro, hoje faz parte do nosso presente e está cada vez mais acessível. Compreender a interação entre alimentos e a biologia humana é fundamental para intervenções nutricionais eficientes e individualizadas.

A genética identifica polimorfismos, enquanto a epigenética avalia o que está sendo expresso, mostrando o poder da nutrição em silenciar genes de não interesse e expressar genes de interesse. A influência genética na modulação dos genes é pequena (10-25%); o ambiente tem um impacto muito maior. Fatores como estresse, poluição, agrotóxicos e atividade física também modulam nossos genes.

A reprogramação epigenética consiste em estratégias para mudar o padrão de expressão dos genes, e não necessariamente exige um teste genético; uma boa anamnese e acompanhamento nutricional já permitem essa reprogramação, embora o teste genético encurte caminhos. A nutrição individualizada é essencial, pois não existem estratégias únicas (como low carb ou jejum intermitente) que funcionem para todos.

As células possuem vários mecanismos de reprogramação epigenética, como metilação, acetilação, ubiquitinação, fosforilação, condensação e relaxamento da cromatina. Estes mecanismos afetam a acessibilidade do gene, sem alterar a sequência do DNA.

Mecanismos epigenéticos (Gujral et al., 2020)

Alteração da regulação epigenética

Uma série de fatores ambientais, estilo de vida, estresse precoce e trauma podem influenciar o estabelecimento e a manutenção de marcas epigenéticas ao longo de gerações (muitas vezes conhecidas como memória epigenética).

Por exemplo, a metilação do DNA, um componente central da rede epigenética, é alterada em resposta a influências nutricionais. A deficiência de vitaminas, como B9 e B12 compromete o processo e aumenta o risco de doenças como diabetes tipo 2 e trombose. Podemos lançar mão destes conhecimentos para reprogramar a epigenética. Os protocolos podem ser divididos em fases:

  • Fase de ataque: Estratégias intensas para indivíduos com marcadores alterados, microbiota em desequilíbrio ou alimentação inadequada.

  • Fase de adaptação: Período para o paciente se adaptar e manter as mudanças.

  • Fase de manutenção: Fase mais tranquila, de seguimento, onde o paciente já compreendeu e sente os benefícios.

DIETA EPIGENÉTICA

Os nutrientes que regulam nosso genoma vêm dos alimentos. O consumo de uma dieta variada contribui para a regulação de genes que nos protegem contra doenças. Exemplos:

  • Radicchio (chicória vermelha) para o VKORC1

  • Cebolinha para o BMCOM1

  • Fibras para o ADRB2 e MC4R

  • Colina para SLC4A1

  • Quercetina da cebola para o NRF2

  • Licopeno do tomate para o BMO1

  • Limão siciliano para o SLC23A1

  • Cucumis sativus (pepino) para enzimas antioxidantes (CAT, SOD, GPX)

  • Azeite para MCP1 e SIRT1 e expressão de microRNAs

  • Vegetais verde escuros para o MTHF

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/