Como entender o exposoma?

O exposoma é o conjunto de todas as exposições ambientais e estilos de vida que um indivíduo sofre ao longo da vida, incluindo fatores químicos, físicos, biológicos e sociais. Ele influencia diretamente a saúde, interagindo com a genética e o metabolismo, podendo levar a doenças como diabetes, doenças cardiovasculares, câncer, etc. Entender e medir o exposoma é complexo porque ele é dinâmico e multifatorial.

Componentes do exposoma

O exposoma pode ser dividido em três grandes domínios:

  1. Exposições externas gerais:

    • Poluição do ar, água, produtos químicos ambientais, radiação.

    • Condições sociais e estilo de vida: dieta, sono, estresse, atividade física.

  2. Exposições internas:

    • Biotransformações químicas no corpo (xenobióticos metabolizados).

    • Microbiota intestinal.

    • Processos inflamatórios e oxidativos.

  3. Resposta biológica:

    • Alterações no metabolismo, epigenética, proteômica e sinalização celular.

    • Fenótipo clínico (como resistência à insulina ou obesidade).

Como avaliar o exposoma?

Não existe um exame único que diga “esse é seu exposoma”. Mas podemos aproximar usando várias abordagens:

a) Exames clínicos

  • Para diabetes e doenças metabólicas:

    • Glicemia de jejum

    • Hemoglobina glicada (HbA1c)

    • Perfil lipídico

    • Pressão arterial

    • IMC, circunferência abdominal

  • Esses exames não medem exposições diretamente, mas mostram consequências do exposoma (ex.: dieta, sedentarismo, poluição, inflamação crônica).

b) Exames metabolômicos

  • Metabolômica: análise de metabólitos no sangue, urina, fezes ou tecidos.

    • Permite identificar sinais de exposição a poluentes, dieta inadequada ou estresse oxidativo.

    • Técnicas principais: LC-MS (cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas), GC-MS (cromatografia gasosa), NMR (ressonância magnética nuclear).

  • Aplicações:

    • Descobrir padrões metabólicos associados à obesidade, resistência à insulina e diabetes.

    • Avaliar biomarcadores de exposição química (metabolitos de pesticidas, metais, ftalatos, etc.).

    • Estimar interações gene-ambiente.

c) Exames genômicos / epigenômicos

  • Avaliam como exposições modificam a expressão gênica (metilação do DNA, microRNAs).

  • Útil para estudar efeitos cumulativos do exposoma ao longo do tempo.

Estratégia prática de avaliação do exposoma em saúde metabólica

  1. Coleta de dados clínicos:

    • Histórico de dieta, atividade física, tabagismo, uso de medicamentos.

    • Peso, circunferência abdominal, pressão arterial.

  2. Análises laboratoriais padrão:

    • Glicemia, HbA1c, perfil lipídico, função hepática e renal.

  3. Metabolômica:

    • Amostras de sangue/urina para identificar metabolitos indicativos de exposição ambiental ou alterações metabólicas.

    • Ferramenta poderosa para entender alterações pré-clínicas (antes da diabetes ou síndrome metabólica).

  4. Integração com dados de estilo de vida e ambientais:

    • Questionários de dieta e exposição.

    • Dados de poluição local ou ocupacional.

  5. Análise de risco:

    • Correlacionar alterações metabolômicas com risco de diabetes, obesidade ou hipertensão.

    • Pode usar inteligência artificial ou modelos estatísticos multivariados para integrar os dados.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/