Obesidade e dor nas costas: um ciclo vicioso

A revisão The Vicious Cycle of Obesity and Low Back Pain: A Comprehensive Review explorou a relação bidirecional entre obesidade e lombalgia (LBP), com foco em como cada condição pode agravar a outra. A obesidade aumenta o risco de degeneração dos discos intervertebrais (IDD) e dor lombar — enquanto a dor leva ao sedentarismo, agravando o ganho de peso e aprofundando o ciclo de desconforto e deterioração física.

A obesidade está associada a um risco 1,4 a 1,7 vezes maior de dor lombar crónica. Em indivíduos com IMC acima de 30, o risco pode chegar a 2,5 vezes maior.

Em pessoas acima de 50 anos, o ganho de ≥6 kg no último ano aumenta o risco de lombalgia em até 42 % (OR ~1,42), comparado com estáveis de peso. Se você está ganhando peso marque uma consulta.

Causas das dores nas costas em indivíduos obesos

A primeira causa é a sobrecarga mecânica. O excesso de peso aumenta a compressão nos discos, nas facetas articulares e nos músculos paravertebrais, alterando padrões posturais e acelerando o desgaste espinhal. Essa sobrecarga também pode causar lipomatose epidural, agravando dores e limitações

Também são comuns as alterações na musculatura. A obesidade está associada a diminuição da qualidade dos músculos paravertebrais, reduzindo a estabilidade vertebral e contribuindo para dor e incapacitação.

Existem também mecanismos biológicos e sistêmicos, como a inflamação crônica de baixo grau. Pessoas obesas apresentam níveis elevados de citocinas (como TNF‑α e IL‑6) e proteína C‑reativa — mediadores inflamatórios que sensibilizam nociceptores e contribuem para a dor crônica.

Adipocinas, como leptina, adiponectina e outras substâncias liberadas pelo tecido gorduroso interferem na matriz extracelular do disco, estimulando estresse oxidativo e processos degenerativos. A inflamação sistêmica e local potencializa a sensibilização das vias nervosas periféricas e centrais, perpetuando a dor lombar.

Intervenções terapêuticas

O emagrecimento é a estratégia central, pois alivia a sobrecarga mecânica e reduz marcadores inflamatórios associados à dor lombar. Combinando nutrição, fisioterapia, psicologia e educação postural quebra-se o ciclo, tratamento da dor e criação de hábitos saudáveis sustentáveis.

Exercícios moderados a intensos demonstram melhorar padrões inflamatórios e prevenir lombalgia, embora a adesão possa ser limitada pela dor preexistente.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/