Você sabia que o que comemos pode alterar a forma como nossos genes se expressam? A ciência chama isso de epigenética, e ela tem se tornado cada vez mais relevante na prevenção e no tratamento de doenças como a obesidade e o câncer. Um exemplo impressionante disso vem da cetose nutricional — um estado metabólico induzido por dietas muito pobres em carboidratos e ricas em gorduras.
O que é cetose nutricional?
A cetose ocorre quando o corpo, com pouco carboidrato disponível, passa a queimar gordura como principal fonte de energia, produzindo substâncias chamadas corpos cetônicos. Esse estado pode ser alcançado por meio da dieta cetogênica.
Epigenética: a chave invisível dos genes
Enquanto nossos genes são como o “hardware” do corpo, a epigenética é o “software” que diz quais genes devem ser ativados ou silenciados. Um dos mecanismos mais estudados é a metilação do DNA, que pode "desligar" genes perigosos — como os que promovem o câncer — ou ativar genes protetores.
O que dizem os estudos?
Pesquisas recentes mostram que a cetose nutricional altera a metilação de genes relacionados ao câncer, tanto em mulheres com obesidade quanto em células de câncer de mama cultivadas em laboratório. Isso significa que, ao modificar o ambiente metabólico com a dieta, o corpo pode interferir na expressão de genes ligados ao desenvolvimento tumoral.
Entre os efeitos observados:
Redução da atividade de genes pró-câncer.
Aumento da metilação em regiões promotoras de genes oncogênicos (o que tende a silenciar esses genes).
Influência positiva no metabolismo celular e na inflamação, dois fatores cruciais tanto na obesidade quanto no câncer.
O que isso significa na prática?
Para mulheres com obesidade — que já apresentam maior risco de desenvolver certos tipos de câncer, como o de mama —, a cetose nutricional pode oferecer mais do que perda de peso. Ela pode também modular vias genéticas associadas ao câncer, atuando como uma aliada preventiva e, futuramente, até terapêutica.
Um alerta importante:
Apesar dos achados promissores, a dieta cetogênica não deve ser adotada sem acompanhamento profissional. Ela exige ajustes cuidadosos e não é indicada para todas as pessoas. Além disso, as pesquisas ainda estão em fase inicial, especialmente no que diz respeito à aplicação clínica em humanos.