As mitocôndrias, que são partes importantes das nossas células, surgiram há muito tempo quando uma célula "engoliu" uma bactéria. Mas, em vez de digerir essa bactéria, as duas começaram a viver juntas e a se ajudar. Esse tipo de parceria é chamado de endossimbiose.
Com o tempo, essa bactéria foi se transformando nas mitocôndrias que temos hoje. Ela perdeu boa parte do seu DNA e passou a trabalhar junto com o núcleo da célula (onde fica o DNA principal). Essa união foi super importante para que surgissem células mais complexas, como as dos animais e das plantas.
Endossimbiose e Tolerância Imunológica
Normalmente, o sistema imunológico tolerava os componentes mitocondriais, reconhecendo-os como "próprios", mesmo que compartilhassem muitas características com bactérias. Essa tolerância é crucial para evitar reações imunológicas contra as próprias mitocôndrias.
Contudo, em determinadas condições — como estresse celular, lesão, infecção ou envelhecimento — há liberação de componentes mitocondriais no citosol ou no meio extracelular, incluindo:
mtDNA (DNA mitocondrial, que é circular, como o das bactérias)
ROS (espécies reativas de oxigênio)
Cardiolipina
N-formilpeptídeos
Esses elementos atuam como DAMPs (moléculas associadas a dano) e são erroneamente reconhecidos pelo sistema imune como sinais de infecção ou perigo (Murphy, & O´Neill, 2024).
A resposta inflamatória induzida por componentes mitocondriais pode ativar:
TLRs (Toll-like receptors) – ativação de TLR9 por mtDNA, por exemplo.
Inflamassomas (ex: NLRP3) – que promovem a liberação de citocinas inflamatórias como IL-1β.
cGAS-STING pathway – ativado por DNA no citosol, incluindo mtDNA.
Resposta imune inata exacerbada – sem presença de patógenos reais (inflamação estéril).
Esse processo está ligado a doenças inflamatórias crônicas, como:
Lúpus eritematoso sistêmico (LES)
Artrite reumatoide
Doença de Crohn
Esclerose múltipla
Doença de Alzheimer e Parkinson (em parte pela neuroinflamação)
Síndrome metabólica e diabetes tipo 2
Entender a quebra da endossimbiose mitocondrial como gatilho para inflamação abre portas para novos tratamentos:
Inibidores de inflassoma
Moduladores de ROS
Bloqueadores de TLRs ou STING
Terapias antioxidantes ou de estabilização mitocondrial
Intervenções mitofágicas (remoção seletiva de mitocôndrias danificadas)
Proteger as mitocôndrias é essencial para manter a saúde das células e ter mais energia. Aqui vão algumas formas simples e eficazes de fazer isso:
1. Alimentação saudável
Antioxidantes (vitamina C, E, selênio): combatem os radicais livres que danificam as mitocôndrias.
Exemplos: frutas vermelhas, nozes, vegetais verdes.Coenzima Q10: ajuda na produção de energia mitocondrial.
Fontes: peixes, carnes, espinafre.Ácidos graxos ômega-3: melhoram o funcionamento mitocondrial.
Fontes: peixes gordurosos, linhaça, chia.
2. Exercício físico regular
Atividades como caminhada, corrida, natação e musculação estimulam a produção de novas mitocôndrias (biogênese mitocondrial).
3. Sono de qualidade
Durante o sono, as células fazem manutenção e as mitocôndrias se recuperam.
🧘 4. Reduzir estresse
O estresse crônico aumenta a produção de radicais livres. Técnicas como meditação, respiração profunda e lazer ajudam.
🚫 5. Evitar toxinas
Álcool em excesso, cigarro e poluição danificam as mitocôndrias.
Evite também exposição constante a metais pesados e pesticidas.
6. Suplementos (com orientação médica)
CoQ10, ácido alfa-lipóico, carnitina, PQQ e NAD+ são suplementos que podem fortalecer as mitocôndrias, mas devem ser usados com acompanhamento profissional.