DIRETRIZ NICE PARA RECONHECIMENTO E DIAGNÓSTICO DE TEA

Embora os sintomas do autismo frequentemente apareçam antes dos três anos de idade, muitas crianças enfrentam atrasos significativos na identificação, no diagnóstico e no acesso a serviços especializados.

Use a FERRAMENTA DE TRIAGEM PARA TEA (QUESTIONÁRIO DE CARACTERÍSTICAS SUSPEITAS). Se há suspeita a pessoa deve ser encaminhada para avaliação completa por equipe qualificada.

A diretriz NICE abrange o reconhecimento e o diagnóstico do transtorno do espectro autista em crianças e jovens, desde o nascimento até os 19 anos. Também abrange o encaminhamento. Visa melhorar a experiência de crianças, jovens e daqueles que cuidam deles.

RESUMO

1. Estrutura de via clínica e equipa multidisciplinar 🧩

  • Grupo estratégico local: obrigatório para articular reconhecimento, referência e diagnóstico, integrando Saúde, Educação, Serviços Sociais, família e ONGs 

  • EquipE de diagnóstico (multidisciplinar): inclui pediatras ou psiquiatras infanto‑juvenis, terapeutas da fala, psicólogos, com acesso a serviços de neurologia, terapia ocupacional, professores especializados e assistentes sociais conforme necessário .

  • Ponto de referência único: garantia de acesso claro e uniforme aos serviços de avaliação .

2. Reconhecimento precoce: quem sinaliza e como

  • Sinais de alerta: dificuldades persistentes na comunicação social, interação, comportamentos restritos/ repetitivos, interesses intensos e sensibilidades sensoriais. Usar sinais presentes desde a infância, mesmo que mascarados com o crescimento.

  • Nem sempre evidente: em crianças verbalmente habilidosas, com défice intelectual ou em raparigas — o ASD pode ser sub‑diagnosticado.

  • Ferramentas de triagem (opcionais): facilitam a identificação, mas não substituem avaliação clínica .

3. Fatores de risco a considerar

Além dos sinais comportamentais, o NICE recomenda atenção a:

  • diagnóstico prévio de TDAH (muito comum no ASD e útil para decidir sobre avaliação complementar) ;

  • fatores como ser pequeno para a idade gestacional, exposição pré‑natal a ISRS, tratamentos de fertilidade, e comorbilidades do desenvolvimento (ex.: défice intelectual).

4. Referência e diagnóstico

  • Critérios diagnósticos: baseados no DSM‑5 ou CID‑11 (necessários ambos domínios: desafios na comunicação social e comportamentos restritos/repetitivos).

  • Ferramentas padrão “gold standard”: ADOS‑2 (observacional) e ADI‑R (entrevista) são amplamente utilizadas.

  • Avaliação dentro de 3 meses após a referência.

  • Investigação médica: incluiria audiologia, exames genéticos e neurológicos conforme necessário .

5. Comunicar o diagnóstico e apoio à família

  • Partilhar resultados de forma sensível com a criança/jovem e cuidadores, garantindo explicação clara e apoio emocional.

  • Informação e apoio contínuo: disponibilizar contactos de suporte local/nacional, informações sobre benefícios, educação e transição para serviços adultos .

  • Discussão sobre herdabilidade: aconselhar sobre o risco elevado para irmãos e filhos futuros .

6. Investigação futura

O NICE sugere estudos adicionais sobre:

  1. Formação de profissionais: avaliação do impacto na deteção precoce e no diagnóstico em grupos sub‑diagnosticados (raparigas, contextos multiculturais).

  2. Informação das escolas, para melhorar precisão diagnóstica .

  3. Testes genéticos (CGH array): identificar o rendimento diagnóstico e impacto .

Contextualização complementar

  • Comorbidades: cerca de 50% das crianças com ASD têm défice intelectual; muitos têm TDAH, ansiedade ou outros desafios psiquiátricos .

  • Idade ao diagnóstico: alguns casos confiavelmente diagnósticos desde os 2 anos, embora o diagnóstico médio continue entre os 4‑5 anos.

  • Importância do diagnóstico: permite acesso a intervenções adequadas, suporte educativo e familiar.

Conclusão

O NICE CG128 propõe um caminho coeso e multidisciplinar para reconhecimento e diagnóstico do ASD em menores de 19 anos, destacando:

  • uma via local estruturada,

  • reconhecimento dos sinais e fatores de risco,

  • utilização de ferramentas padronizadas,

  • comunicação empática do diagnóstico,

  • apoio contínuo às famílias,

  • e formação e investigação como alicerces para melhoria contínua.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/