O artigo "Diet-gut microbiota-epigenetics in metabolic diseases: From mechanisms to therapeutics" explora como a interação entre dieta, microbiota intestinal e epigenética influencia o desenvolvimento de doenças metabólicas como obesidade, diabetes tipo 2, dislipidemia e esteatose hepática não alcoólica (NAFLD).
Principais mecanismos discutidos
Dieta e microbiota intestinal
A alimentação molda a composição e função da microbiota intestinal. Em contrapartida, os microrganismos produzem metabólitos, como os ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), que afetam diretamente o metabolismo do hospedeiro.Metabólitos microbianos e epigenética
Metabólitos derivados da microbiota, como o butirato, propionato e acetato, atuam como substratos ou moduladores de enzimas epigenéticas, influenciando processos como a metilação do DNA e modificações de histonas.Impacto epigenético nas doenças metabólicas
As alterações epigenéticas induzidas por metabólitos microbianos podem afetar a permeabilidade intestinal, respostas imunes, inflamação e resistência à insulina, contribuindo para a progressão de doenças metabólicas.Sinalização via receptores acoplados à proteína G (GPCRs)
Alguns metabólitos microbianos interagem com GPCRs, desencadeando respostas inflamatórias e disbiose, fatores associados a distúrbios metabólicos.
Os autores propõem várias estratégias terapêuticas futuras com base na compreensão das interações entre dieta, microbiota intestinal e mecanismos epigenéticos, especialmente na prevenção e tratamento de doenças metabólicas como obesidade, diabetes tipo 2 e doenças hepáticas.
1. Modulação da microbiota intestinal
Uso de probióticos, prebióticos e simbióticos para restaurar um microbioma saudável.
Administração de cepas específicas de bactérias que produzem metabólitos benéficos (como butirato).
Uso de transplante de microbiota fecal (TMF) em casos selecionados.
2. Intervenções dietéticas direcionadas
Dietas ricas em fibras fermentáveis que favorecem a produção de AGCCs.
Inclusão de polifenóis e compostos bioativos (como resveratrol, curcumina), que podem influenciar positivamente a epigenética via microbiota.
Personalização da dieta baseada no perfil do microbioma individual (nutrição de precisão). Precisa de ajuda? Marque aqui sua consulta de nutrição online.
3. Terapias epigenéticas
Desenvolvimento de fármacos ou nutracêuticos que modulam diretamente enzimas epigenéticas, como DNMTs (DNA metiltransferases) ou HDACs (desacetilases de histona).
Potencial uso de microRNAs moduladores, visando corrigir a expressão gênica associada a distúrbios metabólicos.
4. Uso terapêutico de microRNAs (miRNAs)
Os miRNAs, que são modulados tanto pela microbiota quanto pela dieta, são alvos potenciais para intervenções farmacológicas.
Estratégias futuras podem incluir:
Terapia com miRNA miméticos (para restaurar miRNAs benéficos)
Inibidores de miRNAs disfuncionais (antagomiRs), para bloquear efeitos deletérios em genes metabólicos.
Isso pode ajudar a restaurar homeostase metabólica, reduzir inflamação e melhorar a sensibilidade à insulina.
5. Tecnologias de edição genética/epigenética
Uso potencial de CRISPR/dCas9 epigenético para regular seletivamente genes afetados por alterações epigenéticas sem alterar a sequência do DNA.
As estratégias terapêuticas futuras baseadas no eixo dieta–microbiota–epigenética visam oferecer tratamentos mais personalizados e causais, em vez de apenas sintomáticos. A chave está na integração de dados ômicos (metagenômica, epigenômica, transcriptômica) com intervenções dietéticas e farmacológicas adaptadas ao perfil individual.