Curcumina para recuperação pós-exercício.

A prática de exercício — sobretudo contração excêntrica ou de alta intensidade — provoca dano muscular induzido pelo exercício, com quebra de fibras musculares, dor, inchaço, diminuição da força, liberação de enzimas como a creatina-quinase (CK) e ativação de processos inflamatórios e do estresse oxidativo.

Estudo espanhol revisou o uso de curcumina no esporte. Na revisão foram encontrados estudos com administração de curcumina em doses que variaram entre ~150 até ~1500 mg/dia para fórmulas com boa biodisponibilidade. Em algumas pesquisas usou-se até ~5.000-6.000 mg/dia para versões menos biodisponíveis (Fernández-Lázaro et al., 2020).

O protocolo de suplementação teve várias variações, antes e durante o exercício, e até 72 horas após o exercício. Os principais resultados foram:

  • Dano muscular e perceção de dor: A suplementação com curcumina mostrou redução na perceção de dor muscular (DOMS), em vários estudos. Também houve diminuição da atividade de CK em muitos casos — um marcador de dano muscular.

  • Desempenho muscular: Alguns estudos verificaram melhoria no desempenho muscular ou pelo menos menor queda após exercício danificador, quando suplementados com curcumina.

  • Stress oxidativo: A evidência para efeitos antioxidantes da curcumina no contexto de exercício é mais fraca; os resultados para marcadores de stress oxidativo são menos consistentes.

  • Inflamação: A curcumina pareceu modular citocinas pró-inflamatórias como TNF‑α, IL‑6 e IL‑8, embora os resultados variem segundo estudo, dose e protocolo.

O que se pode concluir (e pontos de atenção)

  • A suplementação com curcumina iniciada antes e mantida até 72h após o exercício — parece melhorar a recuperação em pessoas fisicamente ativas, reduzindo dano muscular e inflamação.

  • Contudo, há limitações importantes: variação grande nas doses, nas formas de curcumina (algumas com melhor biodisponibilidade que outras), nos tipos de exercício, nos perfis dos participantes (treinados vs não-treinados) e nos marcadores utilizados. Isso dificulta estabelecer um protocolo único ideal.

  • Em termos de antioxidantes, ainda não há evidência suficientemente forte para afirmar que curcumina tem grande impacto em stress oxidativo induzido por exercício.

  • Quanto à segurança: os estudos indicam que altas doses são bem toleradas em humanos, sem efeitos adversos significativos reportados nos ensaios considerados.

Implicações para quem treina

Se você é fisicamente ativo e faz treinos intensos que levem a danos musculares (ex: treino excêntrico, descer escadas, sprints, etc.), considere a curcumina como suplementação para ajudar na recuperação — especialmente se tiver dor muscular, ou perda de função no dias seguintes ao exercício, devido à inflamação.

Preferencialmente:

  • Escolha uma forma de curcumina com boa biodisponibilidade (algumas marcas especificam “curcumin complex”, “bioavailable curcumin”, etc).

  • Use uma dose razoável (alguns estudos positivos usaram ~400 mg/dia ou mais com boa absorção) e seguir um protocolo que cubra o período após o exercício (24-72h).

  • Não espere que seja “milagroso” ou que substitua boas práticas de treino/recuperação (sono, nutrição, hidratação).

  • Verifique se há contraindicações ou interações (por exemplo, formas muito elevadas podem afetar metabolismo de ferro, etc., segundo os autores).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/