O sangramento uterino anormal (SUA) é mais comum do que muitas mulheres imaginam. Até os 60 anos, aproximadamente uma em cada três mulheres terá essa experiência. Além dos desafios físicos e emocionais, o SUA também representa um grande impacto para os sistemas de saúde.
Mas aqui vai uma notícia esperançosa: pesquisas recentes sugerem que os alimentos que consumimos—especificamente a redução da ingestão de carboidratos—podem ajudar a controlar condições que frequentemente causam o SUA.
O que está acontecendo por trás dos bastidores?
Muitas condições ginecológicas, como miomas uterinos, pólipos endometriais e síndrome dos ovários policísticos (SOP), estão intimamente ligadas à resistência à insulina, excesso de peso e outros problemas de saúde metabólica. Esses mesmos fatores aumentam o risco de diabetes e doenças cardíacas.
A resistência à insulina leva a níveis elevados de insulina (hiperinsulinemia), o que pode desequilibrar os hormônios normais. Esse desequilíbrio pode resultar em aumento da produção de estrogênio e diminuição dos níveis da globulina transportadora de hormônios sexuais (SHBG), uma proteína que se liga aos hormônios sexuais. O desequilíbrio entre estrogênio e SHBG pode contribuir para o desenvolvimento do SUA, promovendo a proliferação endometrial e reduzindo a eficácia da progesterona, essencial para regular o ciclo menstrual.
Além disso, a resistência à insulina está associada à inflamação crônica de baixo grau e à disfunção endotelial, que podem afetar a vasculatura uterina. Essa disfunção pode levar a padrões de sangramento anormais ao prejudicar a constrição e dilatação normais dos vasos sanguíneos do endométrio.
Compreender a conexão entre resistência à insulina e SUA é crucial para desenvolver estratégias eficazes de manejo. Abordar distúrbios metabólicos por meio de mudanças no estilo de vida, como alterações na dieta e atividade física, pode trazer benefícios terapêuticos no controle do SUA.
É aqui que entra a restrição terapêutica de carboidratos (TCR). Dietas que limitam carboidratos têm mostrado:
Melhorar o controle da glicemia
Apoiar a manutenção de um peso saudável
Até reverter o diabetes tipo 2 em algumas pessoas
Evidências emergentes sugerem que esses benefícios podem se estender à saúde reprodutiva, potencialmente reduzindo o sangramento anormal e apoiando o funcionamento geral do útero.
O que isso pode significar para as mulheres
Embora sejam necessários mais estudos clínicos, essa pesquisa aponta para uma abordagem promissora: mudanças alimentares como parte dos cuidados ginecológicos. Em vez de depender apenas de medicamentos ou cirurgias, a TCR pode, um dia, se tornar uma ferramenta para:
Prevenir ou controlar sangramentos intensos ou irregulares
Apoiar o equilíbrio hormonal e a saúde metabólica
Melhorar a qualidade de vida de forma natural e sustentável
Referência
Salcedo, A. C., Yun, J., Carter, C., & Hart, E. (2023). Therapeutic carbohydrate restriction as a metabolic modality for the prevention and treatment of abnormal uterine bleeding. Nutrients, 15(17), 3760. https://doi.org/10.3390/nu15173760