Nutrição no enfisema pulmonar

O enfisema pulmonar é uma condição crônica que faz parte do espectro da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), caracterizada pela destruição progressiva dos alvéolos pulmonares (pequenos sacos de ar nos pulmões onde ocorre a troca de oxigênio e dióxido de carbono). Essa destruição reduz a capacidade pulmonar de absorver oxigênio e eliminar CO₂, dificultando a respiração.

Causas do Enfisema Pulmonar

  1. Tabagismo: É a principal causa. Substâncias químicas no cigarro danificam os alvéolos e os bronquíolos.

  2. Exposição ambiental: Poluentes do ar, fumaça de lenha, poeiras e produtos químicos.

  3. Deficiência de alfa-1 antitripsina (AAT): Uma condição genética que pode levar ao enfisema, mesmo em não fumantes.

  4. Idade: O risco aumenta com o envelhecimento natural dos pulmões.

  5. Infecções respiratórias recorrentes: Podem agravar o dano pulmonar.

Sintomas

  • Falta de ar (dispneia): Inicialmente ao realizar esforço físico, podendo evoluir para dificuldade em repouso.

  • Tosse crônica: Frequentemente acompanhada de produção de muco.

  • Sibilos: Som de "chiado" ao respirar.

  • Sensação de aperto no peito.

  • Cansaço excessivo: Mesmo com atividades simples.

  • Perca de peso involuntária: Especialmente em estágios avançados.

  • Tórax em barril: Alteração anatômica devido ao aprisionamento de ar nos pulmões.

Tratamento do enfisema pulmonar

Embora não haja cura para o enfisema pulmonar, os tratamentos ajudam a controlar os sintomas e retardar a progressão da doença:

1. Mudanças no estilo de vida

  • Parar de fumar: O passo mais importante para interromper a progressão.

  • Exercícios físicos: Fortalecem os músculos respiratórios e aumentam a tolerância ao esforço.

  • Evitar poluentes: Minimizar a exposição a poeira, fumaça e produtos químicos.

2. Medicamentos

  • Broncodilatadores: Relaxam os músculos ao redor das vias aéreas, facilitando a respiração.

  • Corticosteroides inalados: Reduzem a inflamação nos pulmões.

  • Oxigenoterapia: Para casos de deficiência grave de oxigênio no sangue.

  • Antibióticos: Para tratar infecções respiratórias que podem piorar o quadro.

3. Reabilitação pulmonar

  • Programas que combinam exercícios físicos, educação sobre a doença e apoio nutricional.

4. Dieta cetogênica

A dieta cetogênica pode ser uma abordagem interessante para pacientes com enfisema pulmonar e outros tipos de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), devido à sua característica de reduzir a produção de dióxido de carbono (CO₂) durante o metabolismo.

Por que a dieta cetogênica pode ser benéfica no enfisema?

  1. Menor produção de CO₂:

    • A metabolização de gorduras, que é a base da dieta cetogênica, tem um coeficiente respiratório (QR) de aproximadamente 0,7, o que significa que produz menos CO₂ por unidade de energia gerada em comparação aos carboidratos (QR ≈ 1,0) e proteína (QR ≈ 0,8). Isso alivia o esforço respiratório.

  2. Energia eficiente:

    • A gordura é uma fonte de energia densa e sustentável, o que pode beneficiar pacientes que apresentam perda de peso ou caquexia (perda de massa muscular associada a doenças crônicas).

  3. Redução da inflamação:

    • A dieta cetogênica tem efeitos anti-inflamatórios, potencialmente benéficos para reduzir a inflamação crônica presente no enfisema pulmonar.

  4. Controle do peso:

    • A dieta pode ajudar a estabilizar o peso corporal, evitando tanto o ganho excessivo quanto a desnutrição.

Como adaptar a dieta cetogênica para pacientes com enfisema pulmonar?

1. Macronutrientes típicos da cetogênica:

  • Gorduras: 70–75% das calorias (priorize gorduras saudáveis, como abacate, azeite de oliva, nozes, sementes, óleo de coco e peixes ricos em ômega-3, como salmão e sardinha).

  • Proteínas: 20–25% das calorias (foco em proteínas magras, como frango, ovos, tofu e peixes).

  • Carboidratos: 5–10% das calorias (principalmente de vegetais de baixo índice glicêmico, como brócolis, espinafre, abobrinha e couve).

2. Alimentos recomendados:

  • Fontes de gordura: Azeite de oliva, óleo de coco, manteiga ghee, abacate, castanhas e sementes.

  • Vegetais de baixo amido: Brócolis, couve-flor, espinafre, abobrinha, aspargos.

  • Proteínas magras: Frango, peru, peixes gordurosos, ovos.

  • Laticínios com baixo carboidrato: Queijos duros, creme de leite, iogurte natural integral.

  • Suplementos cetogênicos (se necessário): Triglicerídeos de cadeia média (MCT oil) para energia rápida.

3. Alimentos a evitar:

  • Carboidratos refinados: Pães, massas, arroz, açúcar.

  • Alimentos processados: Evite alimentos industrializados com gorduras trans.

  • Frutas ricas em açúcar: Manga, banana, uvas, etc.

4. Cuidados especiais:

  • Hidratação: A dieta cetogênica pode levar à desidratação e perda de eletrólitos. É essencial ingerir bastante água e monitorar os níveis de sódio, potássio e magnésio.

  • Monitoramento da função renal e hepática: Pacientes com disfunções nesses órgãos devem ser avaliados antes de iniciar a dieta, já que a cetogênica pode sobrecarregá-los.

  • Evitar desnutrição: O foco em proteínas e calorias adequadas é fundamental, especialmente em pacientes com perda de massa muscular.

PRECISA DE AJUDA? MARQUE AQUI A SUA CONSULTA DE NUTRIÇÃO ONLINE

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/