Curcumina e Alzheimer

A curcumina, um polifenol encontrado na Curcuma longa (cúrcuma), apresenta várias propriedades medicinais, incluindo efeitos antioxidantes, anti-inflamatórios e neuroprotetores. Estudo de 2024 destaca a capacidade da curcumina de restaurar os níveis do Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro (BDNF), que frequentemente estão reduzidos na doença de Alzheimer e na depressão. Níveis elevados de BDNF são cruciais para o desenvolvimento e sobrevivência neuronal.

Na verdade, são pelo menos 7 os mecanismos de ação da curcumina no cérebro e os efeitos terapêuticos na doença de Alzheimer, incluindo (Goose et al., 2015; Tang et al., 2017):

  1. Redução do estresse oxidativo:
    A curcumina atua como um potente antioxidante, neutralizando os radicais livres e reduzindo o dano oxidativo que contribui para a neurodegeneração na doença de Alzheimer.

  2. Propriedades anti-inflamatórias:
    A curcumina inibe a ativação de microglia e a liberação de citocinas pró-inflamatórias, como TNF-α, IL-6 e IL-1β, que estão associadas à inflamação crônica no cérebro.

  3. Inibição da agregação de beta-amiloide:
    A curcumina interfere na formação de placas de beta-amiloide, uma característica patológica fundamental da doença de Alzheimer, e pode até promover a desagregação dessas placas.

  4. Redução do acúmulo de proteína Tau:
    A curcumina pode prevenir a hiperfosforilação da proteína Tau, que leva à formação de emaranhados neurofibrilares, outra marca patológica da doença de Alzheimer.

  5. Modulação de níveis de monoaminas:
    A curcumina regula os neurotransmissores, particularmente monoaminas como serotonina, dopamina e noradrenalina, o que pode ter um impacto positivo na função cognitiva e no humor.

  6. Estímulo ao Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro (BDNF):
    A curcumina aumenta os níveis de BDNF, uma proteína crucial para a plasticidade sináptica, sobrevivência neuronal e regeneração, que estão reduzidos na doença de Alzheimer.

  7. Redução da neurotoxicidade do alumínio:
    A curcumina possui propriedades quelantes que ajudam a reduzir o impacto neurotóxico de metais como o alumínio, frequentemente associados à progressão da doença.

A curcumina também melhora saúde gastrointestinal, mitocondrial e metabólica (D´Cunha et al., 2019).

Desafios e limitações nos dados atuais

  • Baixa biodisponibilidade: A baixa absorção, o metabolismo rápido e a baixa biodisponibilidade da curcumina têm sido desafios persistentes na tradução de seus benefícios para os humanos. Formulações avançadas (por exemplo, nanopartículas, micelas e adjuvantes como a piperina) são promissoras, mas requerem validação adicional.

  • Resultados clínicos mistos: Alguns ensaios não conseguiram replicar melhorias cognitivas significativas em participantes humanos. A variabilidade nos desenhos de estudo, dosagens e formulações de curcumina complica as comparações diretas.

  • Durações curtas do estudo: Muitos estudos que examinam os efeitos da curcumina na cognição são de curto prazo. Ensaios de longo prazo são necessários para avaliar os benefícios cognitivos sustentados, principalmente em populações envelhecidas.

  • Falta de medidas padronizadas nos estudos.

O Alzheimer é uma doença complexa. O açafrão é um ótimo condimento e a curcumina um ótimo suplemento. Contudo, estratégias mais amplas precisam ser buscadas para bom estado de saúde cerebral por toda a vida.

Mecanismos de ação da curcumina no Alzheimer (Al-Twalah et al., 2024).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/