A alimentação moderna mudou rápido demais e isso começa a aparecer nas estatísticas de saúde. Entre esses sinais, um dos mais preocupantes é o impacto dos alimentos ultra-processados no risco de câncer. Um estudo publicado no The Lancet Planetary Health, usando dados de mais de 450 mil europeus, trouxe uma mensagem clara: quanto mais alimentos minimamente processados entram no prato, menor tende a ser o risco de vários tipos de câncer.
No estudo, os investigadores analisaram como três grupos de alimentos afetam o risco de câncer ao longo dos anos:
Minimante processados como frutas, legumes, feijões, ovos.
Processados como pão, queijos e conservas.
Ultra-processados como bolachas, cereais açucarados, refrigerantes, pizzas industriais, embutidos, snacks.
A pergunta central era: o que acontece quando parte dos alimentos processados ou ultra-processados é substituída por alimentos minimamente processados?
O que encontraram
O cenário é consistente: trocar apenas 10% da dieta de processados ou ultra-processados por alimentos mais naturais já se associa a menor risco de câncer.
As reduções mais fortes apareceram em:
• cabeça e pescoço
• esôfago
• fígado
• cólon e reto
• mama pós-menopausa
Mesmo com ajustes para fatores como peso, álcool e qualidade geral da dieta, os resultados continuaram sólidos.
Por que isso importa?
Alimentos ultra-processados não são só “menos nutritivos”: eles combinam aditivos, ingredientes industriais, técnicas de processamento intensas e densidade calórica que afetam inflamação, microbiota, metabolismo e mecanismos relacionados ao câncer. Já alimentos minimamente processados trazem fibras, fitoquímicos e nutrientes que modulam mecanismos protetores.
Como colocar em prática?
Não é difícil:
• substitua snacks industrializados por oleaginosas (castanhas, sementes)
• troque refeições prontas por versões caseiras simples
• reduza refrigerantes e aumente água ou infusões/chás
• priorize alimentos com lista curta de ingredientes
Um outro estudo analisou como diferentes alimentos, bebidas e nutrientes se relacionam especificamente com o risco de desenvolver câncer colorretal. Em vez de olhar apenas para um item alimentar isolado, eles avaliaram muitos componentes da dieta ao mesmo tempo para identificar o que realmente importa.
Eles utilizaram dados do grande estudo europeu EPIC, com dezenas de milhares de participantes acompanhados por vários anos. Cada pessoa tinha informações detalhadas sobre o que comia, e os cientistas compararam esses padrões alimentares com quem desenvolveu ou não câncer colorretal ao longo do tempo.
Principais resultados
O estudo reforçou o que já se vinha observando e também trouxe nuances importantes:
• Álcool: quanto maior o consumo, maior o risco de câncer colorretal.
• Laticínios e cálcio: associados a menor risco. O efeito protetor dos laticínios parece vir do cálcio presente neles.
• Micronutrientes como magnésio, potássio e fósforo: também ligados a menor risco, sugerindo que uma alimentação rica em nutrientes tem efeito protetor mais amplo.
• Carne vermelha e processada: tendência clara de risco aumentado, consistente com vários outros estudos.
As associações não mudaram significativamente quando os pesquisadores consideraram a predisposição genética, indicando que a dieta exerce efeito relativamente independente.
A mensagem é simples: a dieta importa. O conjunto de evidências mostra que padrões alimentares equilibrados e ricos em nutrientes protegem o intestino a longo prazo.
Além disso, faça seus exames de rastreamento. Um deles é a colonoscopia:

