Diferença entre recaída e recorrência na depressão

Assisti a uma aula com o Dr. João Quevedo que explicou que a diferenciação entre Relapse (recaída) e Recurrence (recorrência) é fundamental na depressão resistente ao tratamento. O que se busca com o tratamento (medicação+terapia+outras estratégias) é a remissão.

A remissão é o alvo ideal, mas nem sempre factível. O primeiro alvo é a resposta que é a diminuição pela metade. Em um paciente gravemente deprimido isto é muito importante pois reduz o risco de suicídio e gera funcionalidade. Por exemplo, pacientes graves podem voltar a tomar banho, namorar, trabalhar etc.

Os pacientes sem boa resposta tem mais recaídas. Se ele fica em um intervalo de pelo menos 2 meses (alguns autores falam de 6 a 12 meses) e deprime de novo chamamos de recorrência.

Recaída significa que o paciente não saiu do episódio depressivo. Já a recorrência é um episódio novo de depressão e é mais perigosa. Quando o paciente está deprimido pela primeira vez recomenda-se um ano de tratamento. Em um segundo episódio depressivo recomenda-se 3 anos de tratamento. Em um terceiro episódio depressivo 5 anos de tratamento na versão americana e para a vida toda na versão/recomendação européia.

Depressão resistente

Para a escola americana de psiquiatria e o FDA nos EUA a depressão resistente significa uma falha na remissão com o uso correto e na dose adequada de pelo menos dois antidepressivos, por 6 a 8 semanas.

Para a agência européia a depressão resistente significa o uso correto e na dose adequada de pelo menos dois antidepressivos de classes diferentes, por 6 a 8 semanas.

Tratamentos na depressão resistente

No mundo real os pacientes com depressão resistente acabam testando entre 4 e 10 diferentes medicamentos sem sucesso. Além disso, para dizermos que o tratamento falhou o paciente precisa ter, além do uso uso da medicação, passado por psicoterapia com evidência científica (como cognitivo-comportamental) por pelo menos 15 semanas.

Quando tudo falha, a psiquiatria intervencionista indica outros fármacos (ketamina/cetamina intravenousa ou esketamina intra-nasal ou ainda psilocibina) e terapias não farmacológicas (terapias de estimulação cerebral).

A neuromodulação pode ser não invasiva (estimulação magnética transcraniana, terapia eletroconvulsiva ou magnética) ou invasiva, com implantes (estimulação do nervo vago ou estimulação cerebral profunda). Cada um dos tipos de terapias possui vantagens e desvantagens que serão discutidas com o psiquiatra.

O fato é que a depressão é uma doença complexa e a maioria dos pacientes precisarão de uma combinação de terapias e modificações de estilo de vida para alcançar melhoria e funcionalidade. Não existe uma fórmula mágica e o acompanhamento com a equipe multidisciplinar é fundamental.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/