Cuidados no uso de análogos de GLP-1

O GLP-1 (glucagon-like peptide-1) é uma incretina, uma substância produzida no intestino que tem muitas ações no organismo. Os papéis fisiológicos do GLP-1 mais estudados são aqueles relacionados à função das células das ilhotas pancreáticas. No entanto, o hormônio também desempenha papel em vários outros tecidos e órgãos, com várias possíveis implicações na saúde e na doença (Muskiet et al., 2017).

Por exemplo, o GLP-1 aumenta a queima de gordura (termogênese), melhora a captação de glicose no músculo (aumentando o rendimento físico), reduz a inflamação, melhora o funcionamento renal, cardíaco, hepático e até cerebral.

O GLP-1 também aumenta a saciedade, reduz a glicose, retarda o esvaziamento gástrico e diminui a vontade de comer, o que ajuda a prevenir a obesidade. Mas para todos estes efeitos, o intestino precisa estar super saudável. Falo mais sobre a modulação intestinal neste curso online.

Existe ainda uma produção de GLP-1 no cérebro, órgão que tem muitos receptores para este peptídio. Vários estudos mostraram a influência da GPL-1 em funções neuronais, como termogênese, controle da pressão arterial, neurogênese, neurodegeneração, reparo retiniano e homeostase energética. Além disso, a modulação da atividade do GLP-1 pode influenciar a agregação do peptídeo β amilóide na doença de Alzheimer (DA) e os níveis de dopamina (DA) na doença de Parkinson (DP).

Um estudo de coorte relatou que indivíduos obesos e com sobrepeso tiveram uma redução de 20% na resposta do GLP1 à glicose oral em comparação com indivíduos com peso normal (Færch et al., 2015). Assim, o uso de análogos (substâncias que imitam) seria interessante para um grupo de pacientes.

Os análogos de GLP-1 foram descobertos em 1992 por John Eng. Foi primeiramente comercializado pela AstraZeneca com o nome de Exenatida. Este primeiro medicamento análogo de GLP-1 ainda hoje é usado no tratamento do diabetes tipo 2.

Efeitos dos análogos de GLP-1

  • Controla saciedade, reduz apetite

  • Diminui ingestão calórica

  • Regeneração de células beta pancreáticas

  • Reduz liberação de glucagon

  • Diminui absorção de glicose

  • Melhora função cardiovascular

  • Reduz inflamação

Obesidade e diabetes: saxenda (liraglutida) a partir de 0,6 mg a 3 mg (uma injeção diária). Possui benefícios cardiovasculares comprovados (Marso et al., 2016). Existem outras marcas como ozempic, wegovy, trulicity, victoza. Contudo, 25% são extremamente sensíveis aos análogos de GLP-1 e apresentam muitos efeitos colaterais e 25% são não respondedores. Ou seja, funciona bem em 50% dos pacientes que precisam tratar sobrepeso e obesidade. Assim, outros medicamentos nunca devem ser descartados.

Entre os efeitos adversos estão a redução do esvaziamento gástrico e alteração de humor. Assim, muitos pacientes precisam associar a medicação a antidepressivos. Além disso, não existe tratamento da obesidade e diabetes apenas com medicação. As estratégias de estilo de vida são para sempre: dieta adequada, atividade física, gerenciamento do estresse, melhoria da qualidade do sono.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/