A melatonina, conhecida principalmente por regular o ciclo sono-vigília, tem atraído crescente atenção científica devido aos seus potenciais benefícios em várias áreas da saúde. Um estudo publicado na revista científica Nutrients (2022) explorou o potencial da melatonina como um nutriente multifuncional, destacando semelhanças com a vitamina D em termos de aplicações clínicas e impacto sistêmico.
O que é a Melatonina?
A melatonina é um hormônio produzido principalmente pela glândula pineal em resposta à escuridão. Ela regula o ritmo circadiano, mas também apresenta propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias que vão além de sua função no sono.
A produção de melatonina diminui significativamente com a idade, um fenômeno conhecido como "hipofunção pineal relacionada à idade". Essa queda está associada a vários fatores, como alterações na glândula pineal, aumento do estresse oxidativo e mudanças nos ritmos circadianos.
Queda de melatonina com a idade - Minich et al., 2022
Por que a Melatonina está sendo comparada à Vitamina D?
Assim como a vitamina D, a melatonina:
É moduladora de processos biológicos diversos.
Tem potenciais benefícios para a saúde cardiovascular, imunidade e metabolismo.
Está disponível como suplemento dietético amplamente consumido globalmente.
Desperta interesse para prevenção e manejo de doenças crônicas.
Vitamina D (sensor de luz biológico), melatonina (sensor de escuro biológico) - Minich et al., 2022
Usos Clínicos Emergentes da Melatonina
Distúrbios do Sono:
É eficaz no tratamento da insônia e do jet lag, especialmente em pessoas com ritmo circadiano desregulado.
Saúde Mental:
Potencial terapêutico em casos de ansiedade, depressão e transtorno bipolar.
Doenças Cardiovasculares:
Estudos sugerem que a melatonina pode melhorar a pressão arterial e reduzir o estresse oxidativo.
Câncer:
Atua como adjuvante em terapias oncológicas, ajudando na redução dos efeitos colaterais da quimioterapia.
Imunidade e Inflamação:
Pode modular a resposta imune e diminuir marcadores inflamatórios.
Saúde Metabólica:
Indicada na prevenção de diabetes e obesidade devido ao impacto no metabolismo energético.
Segurança e Suplementação
Dosagem: Melatonina é considerada segura em doses de até 10 mg/dia em adultos, mas a sensibilidade individual varia. No Brasil, a dose disponível para prescrição nutricional é de 0,21mg, mas médicos podem prescrever doses maiores. Em Portugal, a dose disponível para consumo livre é de 1 mg e médicos podem prescrever doses mais altas.
Efeitos Colaterais: São geralmente leves e incluem sonolência diurna, dor de cabeça e tontura. Raras pessoas relatam insônia.
Melatonina na Alimentação e suplementação
Embora alimentos como cerejas, uvas, e nozes contenham melatonina em pequenas quantidades, a suplementação é a principal forma de aumentar os níveis no organismo. Em relação aos suplementos, existem diferenças importantes entre a melatonina sintética e a fitomelatonina (derivada de fontes vegetais).
Inibição de COX-2 pela fitomelatonina é maior - Minich et al., 2022
Melatonina Sintética
Origem: Produzida quimicamente em laboratório, replicando a estrutura molecular da melatonina natural.
Características: Alta pureza e dose controlada. Não contém outros compostos além da melatonina.
Usos: Eficaz no tratamento de distúrbios do sono e no ajuste do ritmo circadiano.
Vantagens: Consistência e previsibilidade em seus efeitos. Isenta de alérgenos ou contaminantes vegetais.
Fitomelatonina
Origem: Extraída de plantas como cerejas, uvas, nozes, e ervas como erva-cidreira.
Características: Contém não apenas melatonina, mas também outros compostos bioativos (como polifenóis, flavonoides e antioxidantes). A concentração de melatonina é variável e geralmente menor do que na forma sintética.
Usos: Oferece benefícios potencialmente amplificados devido aos compostos adicionais. Pode ser usada em abordagens mais naturais e integrativas.
Vantagens: Propriedades antioxidantes adicionais devido aos compostos vegetais associados. Potencialmente mais atrativa para pessoas que preferem produtos naturais.
A melatonina representa uma nova fronteira na ciência da nutrição e suplementação. Considerando os avanços recentes, vale acompanhar de perto sua evolução como ferramenta terapêutica.
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