O cogumelo Juba de Leão ou Lion´s mane (Hericium erinaceus) tem sido amplamente estudado por seus potenciais benefícios neuroprotetores. Ele é conhecido por promover a saúde cerebral e pode ser uma alternativa natural para prevenir ou retardar o declínio cognitivo. Aqui estão os principais aspectos sobre a neuroproteção associada a esse cogumelo:
1. Compostos Ativos
Hericenonas: CompostoS bioativoS encontrado no Hericium erinaceus que estimulam a produção do Fator de Crescimento Neural (NGF), uma proteína essencial para a sobrevivência, manutenção e regeneração de neurônios.
Erinacinas: existem várias formas (A, B, C, S) e cada uma delas pode ter efeitos diferentes sobre a neurogênese.
Erinacina A: uma das mais potentes indutoras do NGF, uma proteína essencial para a sobrevivência, crescimento e diferenciação de neurônios. Promove a neurogênese (formação de novos neurônios). Facilita a regeneração de fibras nervosas danificadas.
Neuroproteção: Protege os neurônios contra danos causados por fatores como estresse oxidativo e inflamação.
Prevenção de Neurodegeneração: Reduz a formação de placas beta-amiloides, associadas ao Alzheimer, e pode inibir a morte neuronal.
Propriedades Antidepressivas: Estudos indicam que a erinacina A pode modular a serotonina e dopamina, ajudando a combater sintomas de depressão e ansiedade.
Erinacina B: reduz a liberação de citocinas pró-inflamatórias, contribuindo para a redução da neuroinflamação, um fator chave em doenças como Alzheimer e Parkinson.
Melhora da Microcirculação Cerebral: Esse composto pode aumentar o fluxo sanguíneo no cérebro, promovendo um ambiente mais saudável para os neurônios.
Atividade Cardioprotetora: Estudos apontam que a erinacina B pode ter benefícios na saúde cardiovascular, ajudando a reduzir a hipertensão e proteger contra danos ao coração.
Erinacina C: Neutraliza radicais livres, prevenindo danos oxidativos que comprometem a funcionalidade neuronal.
Redução da Excitotoxicidade: Pode ajudar a regular os níveis de glutamato no cérebro, prevenindo danos causados por excesso de estímulos neuronais.
Atividade Antiagregante: Atua na redução da agregação de proteínas tóxicas no cérebro, protegendo contra doenças como Alzheimer e Huntington.
Erinacina S: Assim como outras erinacinas, a erinacina S estimula a produção do Fator de Crescimento Neural (NGF), essencial para:
Sobrevivência e regeneração de neurônios (Lin et al., 2023).
Plasticidade cerebral, promovendo conexões mais eficientes entre os neurônios.
Potencial ajuda na recuperação de lesões neurológicas e proteção contra doenças neurodegenerativas.
Prevenção de Neurodegeneração:
A erinacina S ajuda a proteger os neurônios contra o estresse oxidativo e processos inflamatórios, fatores centrais em condições como Alzheimer e Parkinson.
Modulação de Neurotransmissores:
Embora ainda em estudo, acredita-se que a erinacina S tenha um papel na regulação de substâncias químicas cerebrais, o que pode melhorar o humor, a memória e a cognição.Propriedades Anti-inflamatórias: pode beneficiar o sistema nervoso central ao: reduzir os níveis de citocinas pró-inflamatórias, como IL-1β e TNF-α.
Efeitos Antioxidantes: combate os radicais livres e reduz o estresse oxidativo, que pode causar: danos às células cerebrais e comprometimento cognitivo.
2. Benefícios para o Sistema Nervoso
Regeneração Neural: Estudos mostram que esses compostos podem incentivar a regeneração de neurônios e sinapses, contribuindo para a recuperação em lesões neurológicas. O artigo "Hericium erinaceus potentially rescues behavioural motor deficits through ERK-CREB-PSD95 neuroprotective mechanisms in rat model of 3-acetylpyridine-induced cerebellar ataxia" investigou os efeitos do cogumelo Hericium erinaceus em um modelo animal de ataxia cerebelar induzida por 3-acetilpiridina (3-AP).
A 3-acetilpiridina (ou 3-AP) é um composto químico derivado da piridina, frequentemente utilizado em modelos experimentais para estudar doenças neurológicas, particularmente aquelas que envolvem danos ao cerebelo, como a ataxia cerebelar.
Quando administrada em animais, a 3-acetilpiridina é tóxica para neurônios no cerebelo e em outras áreas do sistema nervoso central, resultando em degeneração neuronal e déficits motores. A substância age como um agente neurotóxico, prejudicando as células nervosas e causando sintomas como dificuldades de coordenação motora, tremores e instabilidade, semelhantes a condições humanas de distúrbios cerebelares.
O estudo observou que o tratamento com Hericium erinaceus poderia restaurar a função motora, sugerindo um efeito neuroprotetor. Isso foi mediado por uma ativação da via ERK-CREB-PSD95, um conjunto de mecanismos celulares envolvidos na sobrevivência neuronal e plasticidade sináptica.
Os ratos tratados com Hericium erinaceus apresentaram uma recuperação significativa das funções motoras, demonstrando um potencial terapêutico para melhorar o desempenho motor prejudicado pela ataxia cerebelar.
O estudo sugere que o Hericium erinaceus poderia ser um candidato promissor para o tratamento de distúrbios motores associados a danos cerebelares, através da modulação de vias moleculares que regulam a neuroproteção e a plasticidade neuronal.
3. Efeitos em Doenças Neurológicas
Melhora da memória e cognição: Estudos preliminares indicam que o uso regular pode melhorar funções cognitivas em idosos.
Doença de Alzheimer: Redução na formação de placas beta-amiloides em estudos experimentais.
Depressão e Ansiedade: Propriedades adaptogênicas podem ajudar na modulação do humor, reduzindo sintomas relacionados.
4. Formas de Consumo
Suplementos: Cápsulas ou comprimidos padronizados para garantir a concentração dos compostos ativos.
Pó ou Extrato: Adicionado a alimentos ou bebidas.
Forma Natural: Como parte de receitas culinárias.
O consumo de Hericium erinaceus é considerado seguro, mas é sempre importante consultar um nutricionista antes de iniciar o uso, especialmente para pessoas que fazem uso de medicamentos ou possuem condições de saúde específicas.