Os mecanismos de balanço energético são complexos, mas sim, a ideia fundamental de que a perda de peso depende do quantas calorias consome e quantas calorias gasta permanece válida.
Lembra da primeira lei da termodinâmica? Aquela que mostra que a energia não pode ser criada nem destruída, apenas transformada. Estudos metabólicos rigidamente controlados mostram que ela é válida no corpo humano, onde o peso ganho ou perdido corresponde quase exatamente à diferença entre calorias consumidas e gastas.
Isso significa que as calorias que você consome, derivadas dos alimentos, devem ser usadas pelo seu corpo ou armazenadas. Se você consome mais calorias do que gasta, o excesso é armazenado como gordura, levando ao ganho de peso. Por outro lado, se você consome menos calorias do que gasta, seu corpo utiliza as reservas de gordura para obter energia, resultando em perda de peso.
Existem sim, fatores individuais como a taxa metabólica basal (TMB) e a termogênese por atividade sem exercício físico (NEAT) que influenciam o gasto calórico.
TMB: A TMB corresponde à quantidade mínima de energia que o corpo precisa para realizar funções vitais, como respiração, circulação sanguínea e manutenção da temperatura corporal, enquanto está em repouso.
A TMB varia de acordo com a ingestão calórica. A restrição calórica leva a uma diminuição desproporcional da TMB, enquanto o aumento da ingestão causa um aumento proporcional.
A TMB também é influenciada pela genética, entre outros fatores, como idade, sexo, nível de atividade física, peso e estado hormonal .
Características como a proporção de massa muscular e tecido adiposo são parcialmente determinadas pela genética. A massa muscular consome mais energia do que o tecido adiposo, então indivíduos geneticamente predispostos a ter mais músculo geralmente têm uma TMB mais alta.
Regulação hormonal: Genes (DIO1, DIO2, DIO3) que afetam a produção de hormônios como a tiroxina (T4) e a triiodotironina (T3), produzidos pela tireoide, podem impactar a TMB. O gene para o receptor de tirotropina (TSHR) também impacta a regulação da TMB. Alterações genéticas que influenciam a função tireoidiana podem levar a taxas metabólicas mais altas ou mais baixas.
Eficiência metabólica: Algumas pessoas têm variantes genéticas (PPARGC1A, UCP1, UCP2, UCP3) que tornam seus processos metabólicos mais eficientes, ou seja, gastam menos energia para realizar as mesmas funções corporais. Por exemplo
Metabolismo mitocondrial: As mitocôndrias, organelas celulares responsáveis pela produção de energia, também têm seu funcionamento influenciado por genes, como MT-ND1, MT-CYB. Alterações genéticas podem afetar a capacidade das mitocôndrias de utilizar energia.
Predisposição ao acúmulo de gordura: Certos genes (como FTO, LEP, LEPR) estão associados à maior tendência de armazenar gordura, o que pode impactar a eficiência metabólica ao longo do tempo. Aprenda mais sobre a parte genética e a interpretação de exames no meu curso de genômica nutricional.
NEAT: a termogênese por atividade sem exercício físico refere-se aos pequenos movimentos e atividades não relacionadas ao exercício, mas que contribuem significativamente para o gasto energético diário. Caminhar até o ponto de ônibus, movimentos involuntários como balançar a perna enquanto estuda, atividades domésticas (limpar, cozinhar, lavar roupas), trabalhos manuais, subir escadas contribuem para o gasto energético fora da sala de ginástica. Contudo, quando perdemos apenas 10% do peso corporal podemos reduzir a NEAT em até 600 calorias por dia.
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