Hipóteses causais para a depressão

A depressão é um transtorno complexo com múltiplas causas, e ao longo dos anos, diversas teorias surgiram para explicar seus mecanismos. Uma das mais conhecidas e estudadas é a hipótese monoaminérgica.

1) A Hipótese Monoaminérgica: Um Desequilíbrio Químico?

A hipótese monoaminérgica sugere que a depressão está associada a um desequilíbrio nos níveis de neurotransmissores, substâncias químicas que transmitem sinais entre as células nervosas no cérebro. Os neurotransmissores em questão são as monoaminas, como a serotonina, a noradrenalina e a dopamina.

Como essa teoria surgiu?

  • Descoberta dos antidepressivos: A descoberta de que medicamentos que aumentavam os níveis de serotonina, noradrenalina e dopamina eram eficazes no tratamento da depressão e de que medicamentos que reduzem estes neurotransmissores pioram os sintomas, fortaleceu essa hipótese.

  • Modelo simplificado: A ideia de que um simples desequilíbrio químico poderia explicar um transtorno complexo como a depressão era atraente e fácil de entender. A hipótese não explica o porque de alguns pacientes levarem um tempo longo (2 a 4 semanas) para começarem a melhorar. Também não explica a causa de 1/3 dos pacientes não entrarem em remissão.

A hipótese monoaminérgica foi importante pois foi a base para o desenvolvimento de medicamentos. A hipótese monoaminérgica impulsionou a pesquisa e o desenvolvimento de antidepressivos que atuam nos níveis desses neurotransmissores.Embora não seja a única explicação, a teoria contribuiu para uma melhor compreensão dos processos biológicos envolvidos na depressão.

2) A hipótese associada ao estresse

Eventos de vida estressantes, padrões de pensamento negativos e traumas podem desencadear ou agravar a depressão, assim como fatores sociais e ambientais, incluindo isolamento social, abusos, condições socioeconômicas adversas também são fatores de risco.

Estudos mostraram alterações no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) em pacientes deprimidos, incluindo níveis estatisticamente mais elevados de cortisol e e hormônio liberador de corticotropina (CRH), sem que tenham uma doença primária adrenal. Esta característica ainda hoje é considerada o mecanismo principal para os pacientes que tem muitos relapsos no tratamento.

3) Hipótese neuroplástica

Seja por questões genéticas, seja por alterações epigenéticas ocorridas em fases importantes para o neurodesenvolvimento, demonstrou-se que pacientes com depressão apresentam mais alterações estruturais no sistema nervoso central, especialmente no hipocampo e córtex pré-frontal, além de redução da neurogênese (alteração frequente de genes que codificam BDNF), gerando remodelamento inadequado de redes neurais e da neuroplasticidade.

3) Hipótese glutamatérgica

O glutamato é o principal neurotransmissor excitatório do sistema nervoso central. Tem um papel na modulação da plasticidade sináptica e regulação de respostas emocionais ao estresse. Só que o excesso de glutamato pode até matar neurônios. Por isso, este neurotransmissor é mantido em segurança dentro de vesículas.

Um neurônio saudável libera glutamato apenas quando precisa transmitir uma mensagem e imediatamente suga o mensageiro de volta para dentro. Um mecanismo de bombeamento inteligente garante que a quantidade de glutamato seja mantida em níveis ótimos. Quando um neurônio detecta a presença de glutamato em excesso na vizinhança – o espaço extracelular – aciona bombas especiais na sua membrana e suga o glutamato excessivo de volta para dentro da célula.

Se o cérebro sofre danos, glutamato demais pode escapulir. Isto acontece, por exemplo, no derrame, traumatismo craniano e também em outros transtornos distúrbios neurológicos e psiquiátricos. Neste caso, o glutamato inunda o cérebro, gerando hiperexcitabilidade e redução no número de sinapses.

3) Hipótese metabólica

Inflamação, resistência insulínica e alterações do microbioma são algumas das mais recentes hipóteses para alterações comportamentais. Lipopolissacarídeos bacterianos (LPS) podem induzir anedonia. Há envolvimento de citocinas pró-inflamatórias (IL-1b, IL-6, TNF-alfa, PCR). A via da kinurenina pode também estar alterada, facilitando o aumento de glutamato e aumentando o risco de processos neurogenerativos, uma vez que o glutamato antagoniza receptores NMDA e nicotínicos tipo a7.

É importante ressaltar que:

  • Cada caso é único: As causas da depressão podem variar de pessoa para pessoa.

  • O tratamento da depressão geralmente envolve uma abordagem multidisciplinar: A combinação de medicamentos, psicoterapia, atividade física, nutrição adequada e outras intervenções pode ser eficaz no tratamento da depressão.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/