Proteínas, Longevidade e Desempenho Atlético

A recomendação atual de proteína é de 0,8g/kg/dia. Esta recomendação é amplamente criticada e considerada inadequada por muitos pesquisadores para uma saúde ótima, manutenção muscular e longevidade. Especialistas recomendam ingestões mais altas, especialmente para atletas e idosos.

Atletas precisam de uma ingestão mais alta de proteínas, tipicamente entre 1,6-2,2g/kg/dia, para apoiar a recuperação muscular, o crescimento e o desempenho. Ingestões acima dessa faixa oferecem benefícios mínimos adicionais e podem até ser prejudiciais.

A qualidade de uma proteína é determinada pelo seu escore de aminoácidos indispensáveis digestíveis (DIAAS), que reflete a proporção de aminoácidos essenciais que ela fornece. Proteínas de origem animal geralmente possuem um perfil de aminoácidos mais equilibrado e maior teor de leucina em comparação com fontes vegetais. No entanto, um planejamento dietético adequado e suplementação podem garantir uma ingestão suficiente de proteínas vegetais.

Metionina, lisina e leucina são frequentemente limitantes em proteínas vegetais. A leucina, por exemplo, é capaz de regular o mTOR, uma via importante que impacta o envelhecimento e o crescimento.

Consuma 2-4g de leucina por refeição para estimular ao máximo a massa muscular. Consumir proteínas em intervalos regulares ao longo do dia, especialmente após o exercício e pela manhã, é vital para maximizar a síntese de proteínas musculares e apoiar o envelhecimento saudável.

Fontes de leucina para distribuir ao longo do dia:

  1. Peito de frango cozido (sem pele)

    • 100g contém cerca de 1,6g de leucina.

    • 125g fornecem aproximadamente 2g.

  2. Ovos inteiros

    • Um ovo médio (50g) contém cerca de 0,5g de leucina.

    • 4 ovos (200g) fornecem aproximadamente 2g.

  3. Queijo cottage (baixo teor de gordura)

    • 100g contém cerca de 0,8g de leucina.

    • 250g fornecem aproximadamente 2g.

  4. Carne bovina magra (patinho ou alcatra)

    • 100g contém cerca de 1,7g de leucina.

    • 120g fornecem aproximadamente 2g.

  5. Peixe (salmão ou atum)

    • 100g contém cerca de 1,5g de leucina.

    • 135g fornecem aproximadamente 2g.

  6. Proteína de soja (como tofu firme)

    • 100g contém cerca de 0,65g de leucina.

    • 310g fornecem aproximadamente 2g.

  7. Lentilhas cozidas

    • 100g contém cerca de 0,6g de leucina.

    • 330g fornecem aproximadamente 2g.

  8. Amêndoas ou nozes

    • 100g de amêndoas contém cerca de 1,5g de leucina.

    • 135g fornecem aproximadamente 2g.

Dietas ricas em proteínas (1,5 a 2,2g de proteína por quilo de peso corporal) podem ser benéficas para a perda de peso devido ao seu efeito saciante, propriedades termogênicas e capacidade de preservar a massa magra durante a restrição calórica. Embora fontes alimentares completas devam ser priorizadas, suplementos como o whey protein podem ser ferramentas valiosas para aumentar a ingestão de proteínas, especialmente para atletas e idosos. Se o volume de comida for um desafio, os suplementos são uma boa alternativa.

Contudo, dietas com altíssimos níveis de proteína, excedendo 3,4g/kg/dia, foram associadas à redução nos níveis de testosterona, possivelmente devido ao estresse no ciclo da ureia e acúmulo de amônia.

Vimos que dietas ricas em proteínas, particularmente aquelas ricas em aminoácidos essenciais, ativam o mTOR levando ao crescimento muscular. Já a relação entre proteína e longevidade é mais complexa. Enquanto dietas pobres em proteínas podem prejudicar imunidade, o excesso também não é recomendado.

O gráfico a seguir mostra dados em termos de porcentagens de proteína ao longo da vida para os camundongos. Uma dieta rica em proteína é interessante, mas o excesso já reduz a longevidade:

A ativação crônica do mTOR, um sistema no corpo que detecta a quantidade de proteína que você está consumindo, desregula o metabolismo mitocondrial e acelera o envelhecimento. A ativação crônica de mTOR é conhecida em alguns tipos de câncer, na doença de Alzheimer e até no autismo.

Produtos naturais derivados da dieta, fitoquímicos incluindo curcumina (açafrão), resveratrol (uvas roxas, amendoim, cacau), epigalocatequina galato (chá verde, matchá, chá branco, chá preto), genisteína,3-diindolilmetano (soja, tofu, grão de bico, feijão, lentilhas, brócolis, couve-flor, rúcula, couve)) e cafeína (café, chá preto, chá mate, cacau, guaraná), podem inibir a sinalização exagerada de mTOR direta ou indiretamente (Zhou, Luo, & Huango, 2011). Por isso, recomenda-se uma dieta variada, rica não só em proteínas, mas também em fitoquímicos.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/