Consumo de refrigerante na gestação e risco de TDAH

Pesquisadores que examinaram uma grande coorte populacional norueguesa relataram em publicação do European Journal of Nutrition que a ingestão materna diária de bebidas carbonatadas adoçadas (SCB) na gravidez pode ser associada a um aumento nos sintomas de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) entre os filhos aos oito anos de idade (tipicamente 15 a 21% de aumento no risco relativo de filhos com seis ou mais sintomas de TDAH).

A população do estudo consistiu em 39.870 pares de mães-filhos. No estudo, foram ajustados possíveis fatores que poderiam explicar as associações, como nível educacional materno, índice de massa corporal pré-gestacional materno, depressão e ansiedade materna, sintomas de TDAH materno, outros componentes da dieta materna, idade materna no parto, paridade, ano e estação do nascimento.

Como este foi um estudo observacional pesquisas adicionais sobre agentes causais são necessárias, pois as bebidas carbonatadas são exposições comuns. O TDAH é um transtorno multifatorial complexo em que tanto os genes quanto o ambiente contribuem para seu desenvolvimento. No entanto, a causa exata do transtorno ainda é indefinida (Kvalvik et al., 2022).

Constituintes dos refrigerantes como açúcar, adoçantes, xarope de frutose podem alterar a glicemia, os níveis de insulina, contribuir para processos inflamatórios e estresse oxidativo. Adoçantes podem afetar a microbiota e o eixo intestino-cérebro, além de gerar distúrbios metabólicos. Açúcar e adoçantes artificiais podem ainda induzir mudanças epigenéticas, que envolvem modificações no DNA que afetam a expressão genética sem alterar o código genético em si. Essas mudanças podem influenciar o desenvolvimento do cérebro e o risco de TDAH.

A cafeína de refrigerantes a base de cola pode cruzar a barreira hemato-encefálica e interferir em receptores adenosina no cérebro fetal. A cafeína pode afetar o fluxo sanguíneo uteroplacentário, potencialmente reduzindo o fornecimento de oxigênio e nutrientes essenciais ao feto. Isso pode ter um impacto adverso no desenvolvimento cerebral. Embora a pesquisa ainda seja inconclusiva sobre os níveis exatos de segurança, muitas autoridades de saúde recomendam que mulheres grávidas limitem o consumo de cafeína a menos de 200-300 mg por dia. Por exemplo, uma xícara de café já fornece esta quantidade de cafeína.

A ingestão excessiva de açúcar e cafeína pode influenciar os níveis de neurotransmissores como dopamina e serotonina, que são cruciais para a regulação do humor, atenção e comportamento.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/