Fatores de risco para a doença de Crohn

A doença de Crohn (DC) é uma doença inflamatória crônica do trato gastrointestinal. Uma de suas características é a inflamação de todas as camadas da parede intestinal. Embora a causa precisa seja desconhecida, a hipótese mais amplamente aceita considera a DC como uma condição imunomediada em indivíduos geneticamente suscetíveis.

Algumas alterações genéticas aumentam o risco para a doença de Crohn. Pessoas GG para o polimorfismo rs2066845 do gene NOD2, produzem mais radicais livres, aumentando o risco de desenvolvimento de doença de Crohn em 3 vezes. Portadores do alelo G para o polimorfismo rs2241880 do gene ATG16L1 também apresentam maior risco de desenvolvimento da doença.

Muitas vezes, o início da doença é desencadeado por fatores ambientais que perturbam a barreira mucosa, alteram o equilíbrio saudável da microbiota intestinal e estimulam anormalmente as respostas imunes intestinais. Anticorpos para vários antígenos específicos foram relatados no soro de pacientes com DC e incluem anticorpos microbianos como o anticorpo anti-Saccharomyces cerevisiae (ASCA), o anticorpo anti-membrana externa porina C (OmpC)e o anticorpo anti-flagelina (Cbir1).

Microbiota intestinal desregulada associa-se à maior risco de Crohn

As interações microbianas desreguladas do hospedeiro desempenham papéis críticos na iniciação e perpetuação da inflamação intestinal na DC. Trabalho publicado em 2023 mostrou que há uma forte interação entre a microbiota intestinal com vários tecidos.

Foram analisadas 540 amostras intestinais de 30 pacientes com doença de Crohn e amostras fecais de pacientes com Crohn e pacientes saudáveis. Foi observada desregulação na imunidade antimicrobiana e também no metabolismo de vários tecidos dos pacientes com a doença inflamatória intestinal.

Uma das características era a alteração da microbiota ( com maior presença dos gêneros Alistipes, Dialister, Fusobacterium e Streptococcus, e menor alfa diversidade) em comparação com indivíduos saudáveis (Gao et al., 2023).

A inflamação parece iniciar na mucosa e passar para outros tecidos intestinais e acessórios, perda da permeabilidade seletiva e translocação microbiana. Tecidos inflamados são mais vulneráveis a patógenos oportunistas e antígenos alimentares.

O gênero Alistipes também está ligado à maior risco de câncer, inflamação e piora da saúde mental (Parker et al., 2020). O gênero Dialister pertence a ordem Firmicutes e inclui bacilus gram-negativos anaeróbios (Morio et al., 2007). Está envolvido em maior risco de infecções (periodontite, gengivite, infecções respiratórias, abcessos cerebrais, etc).

Por fim, o gênero Streptococccus tem sido reconhecido como um fator de risco para a doença de Crohn em indivíduos geneticamente susceptíveis (Bermont et al., 2020).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/