O termo inflamação, ou flogose, deriva do latim inflamare e do grego flogós, que significa “pegar fogo”. Trata-se de uma resposta do sistema imunológico em tecidos vascularizados, caracterizada pela saída de células e moléculas do sangue para o tecido afetado.
Essa resposta é desencadeada por um agente inflamatório (flogógeno), que estimula a liberação de mediadores pró-inflamatórios. Esses mediadores aumentam a permeabilidade dos vasos sanguíneos e favorecem a exsudação, permitindo que células de defesa, como os neutrófilos, cheguem ao local da lesão ou infecção.
O organismo busca sempre um equilíbrio entre mediadores pró-inflamatórios e anti-inflamatórios. Quando esse equilíbrio é perdido, podem surgir processos patológicos.
Sinais Clássicos da Inflamação
Os sinais cardinais da inflamação foram descritos por Celsus e incluem:
Calor
Rubor (vermelhidão)
Tumor (inchaço/edema)
Dor
Posteriormente, Virchow acrescentou a perda ou redução da função da área afetada.
A Cascata Inflamatória
Quando ocorre uma lesão celular, fosfolipídios da membrana são expostos, iniciando a cascata inflamatória, também conhecida como cascata do ácido araquidônico.
Essa cascata leva à produção de mediadores inflamatórios, como leucotrienos e prostaglandinas, por meio de enzimas como:
Lipoxigenases
Ciclooxigenases (COX-1 e COX-2)
A COX-2, em especial, é responsável por estimular e perpetuar a inflamação.
Mediadores Lipídicos: Os Arquitetos da Resolução
Durante a inflamação, o corpo produz mediadores lipídicos pró-resolução, derivados de ácidos graxos essenciais, como o ácido araquidônico (AA) e o ácido eicosapentaenoico (EPA). Entre eles, destacam-se:
Lipoxinas
Resolvinas
Maresinas
Protectinas
Esses mediadores atuam coordenadamente para resolver a inflamação, sem comprometer a resposta imunológica, promovendo a restauração do equilíbrio nos tecidos.
Da Visão Passiva à Resolução Ativa
Anteriormente, acreditava-se que a inflamação terminava passivamente, quando os fatores que a ativavam desapareciam e as células envolvidas entravam em apoptose ou catabolismo.
Também se pensava que o AA (ômega-6) era apenas um iniciador da inflamação, enquanto o EPA (ômega-3) atuava apenas na competição com ele.
Hoje, sabe-se que essa visão é simplista. A pesquisa liderada por Charles Serhan, de Harvard, mostrou que a resolução da inflamação é ativa, envolvendo diversos mediadores lipídicos:
O AA é essencial tanto para iniciar a inflamação quanto para promovê-la à resolução, ao gerar lipoxinas.
O EPA e o DHA (ácido docosahexaenoico) geram moléculas como resolvinas, protectinas e maresinas, que colaboram com as lipoxinas na resolução da inflamação e na regeneração tecidual.
O DPA (ácido docosapentaenoico) não é apenas um intermediário; ele também é precursor de resolvinas, protectinas e maresinas, compartilhando funções importantes com EPA e DHA.
A resposta inflamatória é necessária, mas deve ser limitada no tempo, resolvendo-se quando não for mais necessária e para isso é necessário um estado nutricional adequado de vários nutrientes, incluindo AA, EPA, DPA e DHA. Aprenda mais no curso Dieta antiinflamatória.