Benefícios da dieta cetogênica para passoas vivendo com HIV

A ampla disponibilidade de terapias antirretrovirais combinadas fez a transição do HIV de uma condição terminal para uma doença crônica administrável ao longo da vida. No entanto, adultos que envelhecem com HIV apresentam maior incidência de problemas de saúde, incluindo comprometimento cognitivo.

O transtorno neurocognitivo associado ao HIV (TNHIV) é acompanhado por uma variedade de déficits cognitivos, com diferentes graus de gravidade. O TNHIV afeta cerca de metade dos adultos vivendo com a doença e o declínio cognitivo pode se agravar com o tempo.

Alterações no metabolismo energético cerebral podem começar 10 a 15 anos antes dos primeiros sintomas, especialmente após os 50 anos. Os pacientes podem apresentar déficits de atenção, declínio da função executiva, da velocidade de processamento e de aprendizado. Estas alterações tendem a reduzir a qualidade de vida, limitar a independência funcional e comprometer a gestão eficaz da doença.

Pacientes com TNHIV também tendem a apresentar mais comorbidades, como problemas cardiovasculares e diabetes. Como resultado do HIV, do envelhecimento e das comorbidades apresentadas, muitos pacientes tomam 5 ou mais medicamentos. Quanto maior é o número de medicamentos, maior é o risco de quedas, maior é a fragilidade e mais internações hospitalares são necessárias (Morrison et al., 2019).

Para minimizar as interações medicamentosas e diminuir os efeitos adversos mais graves tratamentos não farmacológicos são indicados. A dieta cetogênica, por exemplo, reduz o impacto do HIV no cérebro, melhora a função mitocondrial, cria um ambiente menos inflamatório e com menos radicais livres.

O hipometabolismo cerebral é comum no HIV e está implicado em inúmeras outras condições neurodegenerativas (por exemplo, doença de Alzheimer, transtorno neurocognitivo relacionado à idade, doença de Parkinson). O metabolismo energético cerebral piora com o tempo simplesmente pois estamos envelhecendo e a piora é mais acelerada em pacientes HIV+.

As terapias metabólicas incentivam o uso de corpos cetônicos para corrigir os déficits metabólicos. Corpos cetônicos têm sido associados a um metabolismo cerebral melhorado, efeitos antioxidantes neurais, expressão reduzida de genes cruciais envolvidos na inflamação, maior produção de adenosina trifosfato (ATP) e aumento da biogênese mitocondrial. Terapias metabólicas ajudam o paciente a entrar em cetose.

TERAPIA METABÓLICA E HIV

Existem várias formas de entrarmos em cetose como prática de jejuns, restrição calórica, atividade física, dieta cetogênica, uso de sais ou ésteres de cetona. A dieta cetogênica (DC) é uma dieta com baixo teor de carboidratos (geralmente ≤ 50 gramas/dia), alta quantidade de gordura que demonstrou melhorar o metabolismo cerebral e a função cognitiva, sendo utilizada no tratamento de distúrbios cognitivos do envelhecimento (por exemplo, Alzheimer, Parkinson, comprometimento neurocognitivo leve associado ao envelhecimento).

Em estudo publicado em 2020, pacientes adultos vivendo com HIV foram selecionados para protocolo de dieta cetogênica. Todos tinham mais de 50 anos e comprometimento neurocognitivo leve a moderado associado à doença. Os pacientes passaram por uma bateria de testes neurocognitivos na semana 0, semana 12 e semana 18. O grupo que seguiu a dieta cetogênica demonstrou melhoria da função executiva e velocidade de processamento de informações na semana 12. As melhorias foram perdidas quando os participantes saíram da dieta (Morrison et al., 2020).

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/