Envelhecimento, aumento da homocisteína e risco de doenças crônicas

Existem inúmeras teorias sobre o envelhecimento, um processo que ainda parece inevitável. O envelhecimento aumenta o risco de câncer, distúrbios multissistêmicos, doenças cardiovasculares, neurodegeneração e declínio cognitivo.

As causas do envelhecimento incluem acúmulo de danos, mutações, redução no tamanho dos telômeros, alterações metabólicas, falha na produção de energia celular e depuração de proteínas alteradas ao longo da vida.

Outra causa do envelhecimento é o aumento da homocisteína

O desenvolvimento de hiper-homocisteinemia é uma característica do envelhecimento. E, quanto maiores são os níveis de homocisteína maior é o risco de doenças associadas à idade, incluindo fraturas ósseas, má cicatrização de feridas, perda da capacidade regenerativa, disfunção endotelial e declínio no funcionamento renal e cognitivo.

A hiper-homocisteinemia é definida quando as concentrações deste aminoácido excedem 15 µmol/L. Contudo, estudos recentes mostram que concentrações ideais para maior proteção ficam em torno de 7 µmol/L. Em idosos estes níveis tendem a ser ainda maiores (16 a 20 µmol/L). Quanto maiores os níveis maiores são a incidência de insuficiência cardíaca, comprometimento cognitivo, Alzheimer e maior também é a mortalidade, já que a homocisteína contribui para inflamação, excitotoxicidade glutamatérgica e estresse oxidativo.

Os níveis de homocisteína aumentam com elevação do consumo de alimentos de origem animal, fumo, consumo de álcool, uso de medicamentos que atrapalham a absorção de vitaminas B9, B12 e outras. Falo sobre estes aspectos neste vídeo:

O metabolismo da homocisteína depende da função de enzimas, como metionina sintase (MTR), metiltetrahidrofolato redutase (MTHFR), cistationina β-sintase (CBS), 5-metiltetrahidrofolato-homocisteína metiltransferase redutase (MTRR), betaína-homocisteína S-metiltransferase (BHMT) e disponibilidade de cofatores incluindo vitamina B6 e B12 e folato (vitamina B9).

Polimorfismos genéticos podem elevar homocisteína

Variações genéticas (polimorfismos) que prejudicam a produções de enzimas chave para o metabolismo da imagem anterior contribuem para a elevação de homocisteína e aumento do risco cardíaco e de transtornos neurocognitivos. A enzima Cistationina β-sintase (CBS) catalisa a conversão de homocisteína em cistationina, em reação dependente de vitamina B6. Polimorfismos genéticos e alterações relacionadas ao envelhecimento podem diminuir a expressão desta enzima, com aumento de homocisteína. A baixa ingestão de folato (vitamina B9) e cobalamina (vitamina B12) na dieta também leva a níveis elevados de homocisteína.

O estresse oxidativo, a inativação da via da sintase do óxido nítrico e a disfunção mitocondrial associada ao metabolismo prejudicado da homocisteína levam à degeneração tecidual. Conhecer a própria genética, adotar dieta antiinflamatória, antioxidante e que promova boa circulação, suplementar nutrientes adequados são estratégias fundamentais para desacelerar o envelhecimento e manter a saúde por mais tempo. Atenção: se está suplementando acompanhe seus exames pois homocisteína abaixo de 5 µmol/L também não é adequado e gera outros problemas, que discutirei em outros textos.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/