JANELA DE OPORTUNIDADE PARA A TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL

O início da terapia de reposição hormonal no climatério ou logo após a menopausa confere maiores benefícios cardiovasculares e neuroprotetores, enquanto o início tardio da terapia de reposição hormonal (mais de 10 anos após a menopausa) pode ter efeitos cardiovasculares e neurológicos adversos.

Os prejuízos cognitivos associados à terapia de reposição hormonal em idosos (65 a 79 anos) não ocorrem se a TRH for iniciada nas idades de 50 a 54 anos ou dentro de 6 a 36 meses após a última menstruação. Para decisão sobre momento da reposição e doses é fundamental a análise de fatores de risco (hipertensão, dislipidemias, síndrome metabólica, fatores de coagulação), enzimas hepáticas. Indicam-se os exames ecodoppler de carótica e exames de mama.

Para todas as mulheres deve-se preparar o terreno antes do início da terapia de reposição hormonal, tratando-se a disbiose intestinal, mantendo atividade física regular, sono de qualidade, dieta antiinflamatória. A correção de deficiências nutricionais também é fundamental (especialmente ômega-3 e complexo B).

Efeitos esperados da terapia de reposição de estrogênio bioidêntico ou isomolecular

Com a reposição de 0,1 a 4 mg ao dia de estradiol ou implantes ou adesivo contínuo esperam-se vários benefícios:

  • Prevenção da osteoporose

  • Trofismo urogenital

  • Melhora da sexualidade

  • Melhora da cognição e humor

  • Saúde oral

  • Prevenção do câncer colo-retal

  • Prevenção de doenças neurodegenerativas e visão (protege contra a degeneração macular

  • Melhoria do perfil lipídico

  • Aumento do óxido nítrico

  • Maior sensibilidade à insulina

  • Redução das doenças cardiovasculares

E para as mulheres que não podem fazer a reposição de estrogênio? A queda de estrógeno gera uma mudança na bioenergética mitocondrial, especialmente na cerebral, com redução da capacidade de metabolização de glicose e perfil mais cetogênico. Esta mudança aumenta o risco de distúrbios neurológicos e por isso indica-se uma dieta cetogênica de características antiinflamatórias.

Reposição de progesterona

A progesterona vai caindo progressivamente, principalmente a partir dos 40 anos. Antes da menopausa ainda podemos produzir progesterona. Para tanto, a alimentação deve ser adequada. Em caso de deficiências devem ser suplementados nutrientes que melhoram a síntese de progesterona (vitamina C, zinco, magnésio, vitamina B6). Contudo, os óvulos começam a se preparar 100 dias antes da ovulação (encaminhando-se para o corpo lúteo). Alimentação inflamatória, resistência à insulina e problemas na tireóide prejudicam o processo.

Além de regular o ciclo menstrual, atua também no cérebro, sistema imunológico e é importante para a produção de enzimas que desintoxicam o corpo. Aumenta a energia estimulando a tireóide e o metabolismo. A estética também é beneficiada quando a produção de progesterona é boa. Cabelo e pele ficam mais bonitos, menos oleosos. Mulheres com deficiência de progesterona possuem mais queda de cabelo e acne.

A progesterona também reduz a inflamação no corpo da mulher, reduzindo dores abdominais, cólicas e enxaqueca. Mantém ossos fortes e músculos com bom tônus, protege contra o câncer de mama e no útero. Endometriose e miomas tornam-se comuns com a queda da progesterona. Mulheres na menopausa que ainda possuem o útero em geral recebem entre 50 a 300 mg de progesterona via oral e mulheres que tiraram o útero recebem 10 a 25 mg (pode ser mais em caso de osteoporose).

Terapia de testosterona

A deficiência de testosterona associa-se com perda de massa muscular, ganho de gordura, fadiga, baixa auto-estima, redução de HDL-c, ressecamento e afinamento da pele, perda de colágeno (pálpebras caídas, bochechas caídas), ansiedade. O uso da testosterona (0,5 a 5 mg ou implantes) está associado a:

  • Efeito benéfico sobre a função sexual (aumento de desejo, excitação, função orgástica, prazer)

  • Maior neuroproteção

  • Aumento da força muscular

  • Redução da flacidez da pele

  • Melhoria da saúde óssea

  • Possíveis efeitos colaterais: acne, crescimento de pelos faciais

Mas, se optar pela reposição hormonal, alguns cuidados serão necessários:

Para melhorar naturalmente a testosterona é importante reduzir calorias na dieta, aumentar proteína na dieta, prática regular de exercício, boa qualidade de sono, perda de peso, redução do estresse, zinco em caso de deficiência, além dos seguintes nutrientes:

Em geral, a terapia de reposição hormonal é feita por pelo menos 5 a 6 anos para os efeitos protetores esperados contra doenças cardíacas, osteoporose e neurodegeneração. Contudo, já existem estudos com uso bem mais prolongado de forma intermitente. Aconselhe-se sempre com seu ginecologista e mantenha os exames em dia.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/