A saúde cognitiva é um componente chave do envelhecimento saudável. O declínio cognitivo relacionado à idade e os transtornos neurocognitivos são uma preocupação crescente de saúde pública.
A demência, sendo a Doença de Alzheimer (DA) o tipo mais comum, é atualmente uma das dez principais causas de mortalidade entre todas as doenças e uma das principais causas de incapacidade e dependência entre os idosos em todo o mundo. Como o declínio cognitivo têm impactos físicos, psicológicos, sociais e econômicos, não apenas para as pessoas diretamente afetadas, mas também para seus cuidadores e sociedade em geral, é uma preocupação fundamental de saúde pública e das famílias.
Embora os distúrbios neurodegenerativos tendam a ocorrer em idades mais avançadas, o desenvolvimento do cérebro e a saúde cognitiva são afetados ao longo da vida, desde o estágio fetal na gravidez até a idade adulta. Quanto mais cedo cuidamos do estilo de vida, mais protegidos estaremos na velhice.
Evidências científicas indicam que uma alta reserva cognitiva, um estilo de vida saudável e o controle de fatores de risco cardiovasculares modificáveis podem reduzir bastante o risco de desenvolver declínio cognitivo e demência.
A nutrição pode afetar diretamente o cérebro ou influenciar indiretamente os fatores de risco compartilhados por doenças cardiovasculares e neurodegenerativas, possivelmente tendo uma influência substancial na cognição e no risco de demência. Por exemplo, o estresse oxidativo e a inflamação desempenhem um papel importante no início e na progressão da doença de Alzheimer e de outros distúrbios neurodegenerativos.
Alimentos ricos em antioxidantes e antiinflamatórios estão ao alcance de todos e são estratégias potenciais para neutralizar o declínio cognitivo e promover o envelhecimento saudável.
A adesão à dieta mediterrânea favorece maiores volumes cerebrais, menores alterações de atrofia cerebral e preservação da conectividade estrutural em idosos saudáveis. Gorduras insaturadas, como as encontradas nas oleoaginosas, são preferidas às gorduras saturadas das carnes e laticínios, promovendo maior saúde do cérebro.
As oleaginosas (ou seja, nozes, incluindo amêndoas, castanhas do Brasil, castanha de caju, avelãs, macadâmias, nozes, pinhões, pistache e nozes, amendoim e sementes) são parte integrante das dietas à base de plantas e da dieta mediterrânea. Possui um perfil nutricional muito interessante, sendo ricas em moléculas antiinflamatórias e antioxidantes, como ácidos graxos insaturados, minerais não sódicos, vitaminas e polifenóis; além disso, seu consumo frequente está associado a uma redução consistente no risco de doença cardiovascular.
Doenças cardiovasculares pioram a circulação e a saúde do cérebro. Indica-se um consumo de pelo menos 30 g de oleaginosas ao dia para proteção de coração e cérebro. Oleaginosas possuem substâncias como ácido oleico, ácido linoleico, ALA (ômega-3 vegetal), beta-sitosterol, nicotinamida (vitamina B3), ácido elágico, epigalocatequina, miricetina, ácido cafeico e uma série de outros polifenóis capazes de reduzir o acúmulo de proteínas mal dobradas no cérebro.
Você não precisa ser vegetariano para beneficiar-se das oleaginosas. Contudo, estudos mostram que dietas a base de plantas são mais ricas em polifenóis com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias.
Pesquisa publicada em 2022 mostrou que as pessoas que seguiram a dieta mediterrânea verde, tiveram redução do declínio no volume do hipocampo, uma região do cérebro importante para funções de memória, em comparação com pessoas designadas para um grupo de controle.
Os participantes tinham obesidade ou dislipidemia (níveis sanguíneos anormais de colesterol e triglicerídeos). Metade do grupo fez a dieta mediterrânea tradicional de baixa caloria, rica em vegetais, com aves e peixes e 28 gramas por dia de nozes, que contêm altos níveis de polifenóis. A outra metade seguiu a dieta mediterrânea verde, que seguiu a mesma dieta adicionada ainda de 3-4 xícaras por dia de chá verde e um shake verde para o jantar, composto por 100 gramas de Mankai (Wolffia globosa), uma planta aquática rica em polifenóis.
Ambos os grupos foram instruídos a evitar carnes processadas e vermelhas completamente e consumir mais alimentos à base de plantas. A intervenção teve 18 meses de duração. Dos 284 participantes, 224 completaram o estudo, incluindo imagens de todo o cérebro com ressonância magnética (MRI).
Após o período, houve um declínio geral no volume do hipocampo devido às mudanças normais que ocorrem com o envelhecimento, e esse declínio foi mais pronunciado em participantes com mais de 50 anos, consistente com achados anteriores que mostram que a atrofia do hipocampo acelera a partir dos 55 anos (Kaplan et al., 2022).