O estado da microbiota pode ser descrito como eubiótico ou disbiótico. A eubiose intestinal refere-se ao estado de equilíbrio entre os microorganismos benéficos, comensais e prejudiciais.
Já o termo disbiose designa o desequilíbrio ou má adaptação da comunidade de microorganismos em um determinado ambiente. A disbiose pode se dar pela expansão de patobiontes (microorganismos patogênicos ou potenciamente nocivos, como o filo proteobactéria), pela redução da diversidade (existem exames que avaliam a alfa diversidade) ou pela perda de microorganismos benéficos. Falo do meu exame neste vídeo:
No estado disbiótico há aumento da permeabilidade intestinal, uma condição na qual se formam lacunas entre as junções estreitas que unem os enterócitos (células intestinais), permitindo que lipopolissacarídeos bacterianos (LPS) cheguem à corrente sanguínea, promovendo a inflamação.
Embora comumente associado a doenças relacionadas ao intestino e distúrbios autoimunes, o distúrbio da função da barreira intestinal é uma característica proeminente de muitas doenças crônicas, como síndrome do intestino irritável, doença de Crohn, retocolite ulcerativa, doença celíaca e intolerância ao glúten, síndrome metabólica, transtornos humor, doenças neurodegenerativas, depressão, diabetes tipo 1 e outras doenças autoimunes.
As terapias para fortalecer a barreira intestinal incluem maior consumo de:
Fibra alimentar - As fibras alimentares sofrem fermentação microbiana, produzindo ácidos graxos de cadeia curta que fortalecem as proteínas de junções estreitas e reduzem a inflamação.
Ácidos graxos ômega-3 - Os ômega-3 reduzem a permeabilidade intestinal, alteram a composição da microbiota intestinal (favorecendo espécies produtoras de butirato) e resolvem a inflamação por meio da ação de mediadores pró-resolução especializados.
Polifenóis - Os polifenóis (compostos bioativos de frutas, verduras, cacau, chá verde) sofrem biotransformação microbiana, produzindo uma série de compostos bioativos que regulam a inflamação, o microbioma intestinal e a função da barreira intestinal.
Probióticos - Probióticos, como Lactobacillus plantarum, podem aumentar a integridade da barreira intestinal por meio da regulação de proteínas de junções estreitas que mantêm unidas as células epiteliais intestinais.
Além disso, a artividade física costuma produzir saúde intestinal. Contudo. quando é excessivo pode gerar dano à barreira intestinal.
Vale a pena suplementar probióticos para melhoria da barreira?
Probióticos são microorganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem um benefício à saúde. Essas bactérias boas melhoram nossa imunidade, nos protegem contra microorganismos causadores de doenças, inibem a produção de toxinas e melhoram a digestão.
Contudo, a maioria das pessoas não precisa de suplementos, mas de uma alimentação adequada. A maior causa de disbiose (desequilíbrio da microbiota intestinal) é a dieta com pouca fibra. Se você não consome 5 a 6 porções de frutas e verduras ao dia, nem suplementando as melhores marcas conseguirá equilibrar sua microbiota, uma vez que as bactérias alimentam-se de fibras.
Mesmo assim, probióticos podem ser úteis em algumas situações:
diarreia do viajante
diarreia após uso de antibióticos
gastroenterites (inflamação do tubo digestivo causada consumo de alimento contaminado com vírus ou bactérias como Salmonella, Shigella...)
doença inflamatória intestinal, especialmente colite ulcerativa
síndrome do intestino irritável
asma
doenças autoimunes como artrite reumatoide, esclerose múltipla, lúpus
infecção por Helicobacter pylori
infecções urinárias
alergias, especialmente dermatites
doenças neurológicas e psiquiátricas (depressão, Alzheimer...)
autismo
doenças hepáticas (problemas no fígado)
Para o restante das pessoas uma ótima opção para manter o intestino mais saudável é o consumo de alimentos fermentados (kefir, kombucha, tempeh, miso, kimchi...) e dieta variada, rica em fibras e polifenóis.
Tratar o intestino pode melhorar cognição e humor?
A barreira intestinal e a barreira hematoencefálica compartilham muitas características e são igualmente afetadas por fatores como envelhecimento, hiperglicemia e inflamação. O eixo intestino-cérebro descreve a comunicação bidirecional entre o sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso entérico (SNE). Este eixo conecta centros de cognição e emoção no cérebro com a fisiologia do intestino, colocando o SNE no centro de muitas doenças do cérebro e do trato digestivo. Isto porque quando há leaky gut (permeabilidade intestinal aumentada) também há maior permeabilidade da barreira hematoencefálica (Obrenovich, 2018).
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