Variantes de pelo menos 20 genes diferentes foram ligadas ao risco de desenvolvimento da doença de Parkinson (DP), condição que leva a distúrbio motor grave e atualmente incurável.
Estudos mostraram que mutações do gene VPS13C causam casos raros de Parkinson hereditário ou um risco aumentado da doença. O VPS13C forma uma ponte entre duas organelas subcelulares - o retículo endoplasmático e o lisossomo. O retículo endoplasmático é a organela que regula a síntese da maioria dos fosfolipídios, moléculas gordurosas essenciais para a construção das membranas celulares. O lisossomo atua como o sistema digestivo de uma célula. Outra função do VPS13C é formar um canal para o tráfego de lipídios entre essas duas organelas.
A mutação do gene VPS13C afeta a composição lipídica e as propriedades dos lisossomos. Essas perturbações também ativam a imunidade inata. Essa ativação, se ocorrer no tecido cerebral, desencadearia a neuroinflamação, um processo implicado no Parkinson por vários estudos recentes.
Vários outros genes são estudados na doença de Parkinson e aparecem na tabela abaixo. Alguns destes genes afetam a função mitocondrial e a produção energética, como PARK e PINK1 (Nicoletti et al., 2021).
Mitocôndrias e doença de Parkinson
As mitocôndrias são essenciais para a função de neurônios. Produzem energia na forma de ATP para atender às demandas de energia do corpo, regulam a homeostase dos níveis de íons, como o cálcio, a síntese de suas próprias proteínas e influenciam a plasticidade sináptica. Aprenda mais sobre o tema na plataforma https://t21.video
Neurônios têm alta demanda de energia e maior suscetibilidade ao estresse. A disfunção das mitocôndrias gera um excesso de radicais livres e tem sido associada a várias doenças neurodegenerativas, incluindo doença de Parkinson, doença de Alzheimer, doença de Huntington, glaucoma e esclerose lateral amiotrófica. Na doença de Parkinson a disfunção mitocondrial associa-se à agregação da proteína α-sinucleína no cérebro, tremores, instabilidade postural, rigidez articular e bradicinesia (lentidão dos movimentos voluntários).
NUTRIÇÃO E DOENÇA DE PARKINSON
Uma dieta equilibrada é a base da boa saúde de pacientes com doença de Parkinson. Alguns alimentos podem ajudar a aliviar os sintomas e melhorar a saúde do cérebro. Dentre os alimentos neuroprotetores destacam-se:
Nozes e castanhas. Castanhas são fonte do ácido graxo essencial ômega-3 e uma variedade de minerais, que reduzem o risco de demência. Pistaches são fontes de vitamina K, antioxidantes e lítio que ajudam a manter as conexões entre os neurônios e a melhorar o humor. A macadêmia contribui para a produção de neurotransmissores. A castanha de caju é rica em ferro, zinco e magnésio que aumentam a serotonina e reduzem a ansiedade. As amêndoas contêm fibras, que ajudam a aliviar a constipação (um sintoma comum na DP). A castanha do Pará (castanha do Brasil) é uma ótima fonte de selênio, mineral que ajuda a neutralizar toxinas e melhorar a saúde da tireoide.
Especiarias com propriedades antiinflamatórias e antioxidantes. A cúrcuma (açafrão) é uma especiaria rica em curcumina, composto que regula vias do sistema imunológico e a resposta antioxidante. A canela do Ceilão mostrou potencial para normalizar os níveis de neurotransmissores e outras alterações cerebrais na DP.
Frutas roxas e vermelhas, como mirtilos, amoras, açaí, ameixas e framboesas, contêm pigmentos antioxidantes fantásticos.
Chá verde também é neuroprotetor pois é rico em EGCG, que protege músculos, receptores e neurônios.