O tecido adiposo é um tecido conjuntivo especializado classificado em tecido adiposo marrom e tecido adiposo branco. O tecido adiposo marrom (TAM) predomina nos recém-nascidos nas regiões interescapular, perirrenal e inguinal. Em adultos, o TAM está presente nas regiões do pescoço, interescapular e supraclavicular, mas está ausente em idosos e indivíduos obesos. Mas dá para mudar!
Muitas mudanças fisiológicas ocorrem em resposta ao exercício de resistência para se adaptar às crescentes necessidades energéticas, de produção de novas mitocôndrias, controle do aumento da produção de espécies reativas de oxigênio (EROs) e respostas inflamatórias agudas.
As mitocôndrias são organelas dentro de cada célula que são cruciais para a produção de energia (na forma de ATP) e também são importantes produtoras de EROs e espécies reativas de nitrogênio. O tecido adiposo marrom possuim mais mitocôndrias do que o tecido adiposo branco e isso é bom!
Ativam o tecido adiposo marrom: a adrenalina (produzida durante a atividade física), o hormônio da tireóide, o frio, o hormônio irisina, fitoquímicos (como curcumina do açafrão, capsaicina da pimenta, EGCG do chá verde, resveratrol das uvas), EPA (ômega-3) a dieta antiinflamatória rica em ervas e condimentos (canela, menta, gingeng, tomilho etc) e a melatonina.
Existe também uma interação bidirecional entre mitocôndrias e a microbiota. Demonstrou-se que a microbiota intestinal regula os principais coativadores e fatores de transcrição, além de enzimas envolvidas na biogênese mitocondrial, como os genes PGC-1α, SIRT1 e AMPK. Além disso, a microbiota intestinal e seus metabólitos, como ácidos graxos de cadeia curta e ácidos biliares secundários, também contribuem para a produção de energia do hospedeiro, modulação de radicais livres e inflamação no intestino, atenuando as respostas imunes mediadas por TNFα e inflamassomas como o NLRP3. Por sua vez, as mitocôndrias, particularmente pela produção de EROs, têm um papel crucial na regulação da microbiota, da função de barreira intestinal e das respostas imunes da mucosa.
O exercício moderado tem efeitos positivos na saúde, como redução da inflamação e permeabilidade intestinal e melhora na composição corporal. Também induz mudanças positivas na composição da microbiota intestinal e nos metabólitos microbianos produzidos no trato gastrointestinal. Por outro lado, o exercício intenso pode aumentar a permeabilidade da parede epitelial gastrointestinal e diminuir a espessura do muco intestinal, potencialmente permitindo que patógenos entrem na corrente sanguínea. Isso, por sua vez, pode contribuir para o aumento dos níveis de inflamação. No entanto, atletas de elite parecem ter uma maior diversidade microbiana intestinal, deslocada para espécies bacterianas envolvidas na biossíntese de aminoácidos e metabolismo de carboidratos/fibras, consequentemente produzindo metabólitos-chave, como ácidos graxos de cadeia curta. Ou seja, o treino parece gerar uma adaptação ao longo do tempo.
Por outro lado, foi demonstrado que variantes genéticas dentro do genoma mitocondrial podem afetar a função mitocondrial e, portanto, a composição e atividade da microbiota intestinal. Assim, a microbiota de um atleta pode variar em relação a de seus colegas, com diferentes benefícios ou malefícios. Claro, a dieta também é conhecida por modular drasticamente a composição da microbiota intestinal. Portanto, novos estudos na área devem considerar dieta, genética, atividade física (tipo, volume, intensidade), produção de radicais livres relacionadas às mitocôndrias, sinais pró-inflamatórios e limites do corpo humano no esporte.