A curcumina, um polifenol não tóxico de ocorrência natural no açafrão tem sido estudada por seus efeitos antiinflamatórios, antioxidantes, antienvelhecimento e anticancerígenos. Mesmo quando a curcumina não é totalmente absorvida exerce efeitos benéficos, melhorando a composição da microbiota intestinal. Esta melhoria gera redução na inflamação e, por meio do “eixo microbiota-intestino-cérebro”, acaba também influenciando a saúde do cérebro. Por isto, vários estudiosos recomendam o uso diário deste tempero para neuroproteção.
A consumo de açafrão ou suplementos contendo curcumina melhora a proporção entre bactérias benéficas e patogênicas, aumentando a abundância de Bifidobacteria, Lactobacilli e reduzindo as cargas de Prevotellaceae, Coriobacterales, Enterobacteria e Enterococci. A modificação da microbiota também faz com que determinadas cepas bacterianas intestinais produzam compostos mais ativos a partir da própria curcumina.
A tetrahidrocurcumina é o derivado de curcumina modificado por bactéria mais estudado na neuroproteção. Sabe-se que a tetrahidrocurcumina reduz o estresse oxidativo e o número de neurônios apoptóticos, ativa a autofagia e inibe a via apoptótica mitocondrial após lesão cerebral traumática. Também reduz o acúmulo de proteína beta amilóide no cérebro.
Curcumina na prevenção e tratamento de doenças neurodegenerativas
As doenças neurodegenerativas são caracterizadas pela perda progressiva da função de uma população específica de neurônios gerando comprometimento cognitivo. Os mecanismos responsáveis pela neurodegeneração ainda não foram completamente elucidados; entretanto o estresse oxidativo e a inflamação são considerados os principais gatilhos.
O estresse oxidativo é gerado na célula quando há desequilíbrio entre a quantidade de espécies reativas de oxigênio (EROs) produzidas e os mecanismos de defesa celular que as neutralizam. Altos níveis de EROs danificam irreversivelmente todas as células, mas as células neuronais são particularmente sensíveis também a níveis relativamente baixos de radicais livres.
A curcumina exerce um papel neuroprotetor ao eliminar direta ou indiretamente espécies de radicais livres. De fato, a curcumina aumenta significativamente a atividade da superóxido dismutase (SOD). A SOD, uma das principais enzimas antioxidantes, é capaz de dismutar o radical livre superóxido em peróxido de hidrogênio e oxigênio.
A curcumina também mostra ação antioxidante indireta ao elevar a atividade plasmática das enzimas catalases. Esta classe de enzimas é capaz de catalisar (acelerar) a decomposição do peróxido de hidrogênio em água e oxigênio molecular, pertencem ao sistema de defesa antioxidante da célula e protegem a célula do dano oxidativo por espécies reativas de oxigênio.
Diferentes estudos indicaram que a curcumina favorece a saúde do cérebro modulando vias específicas, como: a via PI3K/Akt (Fosfatidilinositol 3-quinase/Proteína Quinase B), via AMP (proteína ativada por AMP), via MAPK (Proteína Quinase Ativada por Mitogênio)/ Vias Akt, via Akt/Nrf2 (fator 2 relacionado ao fator E2 nuclear) e AMPK.
A AMPK regula o metabolismo energético e desempenha um papel importante na manutenção da homeostase celular. Essa via, uma vez ativada, protege o dano neuronal ao diminuir as espécies de EROs associadas ao retículo endoplasmático.
O Nrf2 é um regulador chave da defesa antioxidante durante o estresse oxidativo. A ativação de Nrf2 regula positivamente nos mecanismos antioxidantes defensivos dos neurônios através da regulação positiva dos genes envolvidos no metabolismo de radicais livres.
Para prevenção e tratamento da doença de Alzheimer, a curcumina demonstrou efetivamente manter a estrutura e função normais dos vasos cerebrais, mitocôndrias e sinapses, reduzindo assim os fatores de risco para uma variedade de doenças crônicas e diminuindo o risco de aparecimento da doença de Alzheimer.
O efeito da curcumina na doença de Alzheimer está relacionado à modulação de múltiplas vias de sinalização, às suas propriedades anti-amilóide e quelante de ferro metálico, antioxidação e suas atividades anti-inflamatórias. No entanto, mais estudos são necessários para identificar outros metabólitos da curcumina terapeuticamente ativos na neuroproteção.
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