De acordo com estimativas mundiais, 1 bilhão de pessoas estarão obesas até 2030. Ou seja, em menos de uma década o mundo precisará cuidar de mais pessoas com risco aumentado de diabetes, hipertensão, aterosclerose, infarto, derrame cerebral, alguns tipos de câncer (como mama e cólon), asma, problemas nas articulações e costas, fadiga crônica, refluxo, depressão, esteatose hepática etc. A obesidade reduz a expectativa de vida em 3 a 10 anos e reduz muito a qualidade de vida.
É um cenário de saúde difícil, alarmante, desafiador. A indústria de alimentos tem responsabilidade, o governo tem responsabilidade, as famílias têm responsabilidade, os indivíduos também. Precisamos de espaços seguros para caminhar e correr, precisamos de alimentos saudáveis e baratos para comprar, precisamos de tempo para cozinhar e por aí vai.
Uma coisa é certa: obesidade piora da saúde mental
É uma via de mão dupla. A obesidade costuma piorar a saúde mental e aumentar o risco de baixa autoestima, ansiedade e depressão. E a piora da saúde mental conduz à piora da saúde metabólica e maior risco de obesidade. Por isso, temos que cuidar de tudo ao mesmo tempo. Fazer terapia e comer mal e não se movimentar não traz os melhores resultados. Precisamos cuidar de corpo e mente ao mesmo tempo para que possamos reduzir inflamação (o mal do século, gatilho para várias doenças), para que possamos dormir melhor, para termos motivação para continuar (a trabalhar, amar, brincar, sonhar, viver, estudar, viajar...).
Algumas pessoas têm mais facilidade sim, outras não, mas vamos fazendo o que dá. Beba mais água, reduza o consumo de bebidas calóricas (sucos, refrigerantes, café com açúcar, álcool), troque o doce pela fruta, movimente-se da forma que der (na academia, na praia, na praça ou em casa, usando vídeos do youtube).
Taurina no tratamento da obesidade
São muitas as causas da obesidade e uma delas é a restrição de nutrientes no início da vida. Estudos clássicos acompanharam mulheres grávidas que passaram fome durante a segunda guerra mundial. Seus bebês sofreram modificações epigenéticas apresentando, ao longo da vida, um perfil mais poupador de energia, com metabolismo lento, tendência a estoque de gordura e risco aumentado de doenças metabólicas. Muitos pesquisadores estudam formas de silenciar estes genes poupadores. Uma destas formas parece ser a suplementação da taurina.
A taurina (ácido 2-aminoetanossulfônico) é um dos aminoácidos encontrados em maior abundância no corpo humano, principalmente, nos músculos, olhos e no cérebro. Contém enxofre, o que lhe confere importantes funções antioxidantes, antiinflamatórias, desintoxicantes e relaxantes.
Conseguimos sintetizar taurina a partir dos aminoácidos metionina e cisteína. Contudo, essa síntese diminui em indivíduos obesos, por conta de alterações no tecido adiposo. O consumo excessivo de calorias parece inibir enzimas necessárias à fabricação de taurina, gerando uma deficiência deste importante aminoácido.
Peixes e frutos do mar são ótimas fontes de taurina. Pacientes que não consomem estes alimentos com regularidade ou que são alérgicos a ele podem fazer uso em cápsulas. Com a suplementação de taurina, os níveis são restaurados, o que culmina com uma redução da inflamação, do estresse oxidativo, do risco de diabetes e também da ansiedade e compulsão alimentar. Os melhores efeitos são em pacientes com esteatose hepática e síndrome metabólica, ajudando a regular o metabolismo do fígado, reduzir triglecerídeos, colesterol e também a pressão sanguínea (Guan, & Miao, 2020). As dosagens nos estudos variam bastante, entre 500mg e 3.000 mg ao dia.
Suplementos contendo taurina
Contra-indicações da taurina
Gestantes, lactantes e crianças não devem fazer uso da taurina. A taurina costuma ser segura mas verifique com um profissional de saúde se há alguma interação com os medicamentos que utiliza. Além disso, em caso de náuseas, tonturas, dores de cabeça, dificuldade para caminhar, dores de estômago descontinue o uso e converse com seu médico.