FATORES QUE INFLUENCIAM O EIXO MICROBIOTA-INTESTINO-CÉREBRO

Muitos fatores têm um efeito modulador no cérebro e na microbiota, incluindo status socioeconômico, dieta, genética, nível de atividade, uso de medicamentos, tipo de parto (influência do nascimento), níveis de estresse, dentre tantos outros.

FATORES QUE INFLUENCIAM A MICROBIOTA AO LONGO DA VIDA (Cryan et al., 2019)

A microbiota está em contato direto com células epiteliais, mas também pode interagir indiretamente com neurônios periféricos e células do sistema imunológico. Existem muitas vias de comunicação potencial entre a microbiota intestinal e o cérebro, incluindo:

  1. Sistemas de mensagens de pequenas moléculas do sistema imune tanto localmente no intestino quanto distalmente no cérebro. O trato GI abriga a concentração mais densa de células imunológicas do corpo e está em constante comunicação com os trilhões de micróbios que habitam nosso intestino, seja por contato físico direto ou pela liberação de compostos secretados. As células secretoras estão envolvidas na liberação de muco das células caliciformes, na liberação de compostos antimicrobianos das células Paneth e na liberação de compostos neuroendócrinos, incluindo grelina, somatostatina, CCK, peptídeo YY, e 5-HT, entre outros, de células enteroendócrinas.

    Peptidoglicanos, polissacarídeos e outros antígenos em bactérias que conferem funções benéficas para as bactérias (proteção contra a degradação) também permitem que as células imunes do hospedeiro identifiquem as numerosas e diversas bactérias para o hospedeiro e identifiquem uma mudança no equilíbrio homeostático do intestino.

  2. Metabólitos bacterianos. Os micróbios podem se comunicar uns com os outros por meio de metabólitos, semelhantes aos reconhecidos pelas células hospedeiras e podem, assim, interagir com as sinapses do SNA no intestino. Metabólitos neuromoduladores derivados da microbiota incluem precursores e metabólitos de triptofano, serotonina (5-hidroxitriptamina, 5-HT), GABA e catecolaminas. O metabólito 4-etilfenilsulfato modulado microbianamente é suficiente para induzir comportamento semelhante à ansiedade em camundongos.

    Talvez os metabólitos derivados de micróbios intestinais mais examinados sejam os ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), dos quais mais de 95% consiste em acetato, propionato e butirato. Melhoram a função intestinal, ajudam na regulação da pressão arterial, do ritmo circadiano e da função imunológica. Níveis reduzidos de AGCC fecal foram relatados em vários distúrbios como a doença de Parkinson, depressão e doença de Alzheimer.

  3. Vias neuronais super inervadas e altamente modificáveis, principalmente nervo vago. As informações viscerais que chegam do intestino através do SNA são processadas pelo SNC, que então direciona as respostas essenciais para a sobrevivência. O processamento posterior desta informação envolve circuitos de feedback positivo e negativo que atuam nos órgãos periféricos.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/