DOENÇAS ASSOCIADAS A ALTERAÇÕES DA MICROBIOTA

Compreender como os micróbios intestinais influenciam a comunicação do eixo intestino-cérebro tem sido objeto de pesquisas significativas na última década. Há um esforço crescente para dissecar os mecanismos dessa comunicação em todos os nós do eixo. Atualmente, acredita-se amplamente que a microbiota intestinal é extremamente importante para o desenvolvimento e manutenção adequados da função cerebral.

Cada vez mais estudos apóiam a ideia de que mudanças na composição da microbiota intestinal podem influenciar a função cognitiva em vários níveis. Estudos em camundongos mostram que a ausência de microrganismos pode induzir inúmeras perturbações da cognição e memória. Os animais também exibem expressão alterada de BDNF (fator neutrófico derivado do cérebro). O BDNF é um fator de crescimento encontrado no cérebro e responsável pela sobrevivência de neurônios e para o aumento do número de sinapses. A proteína está ativa especialmente no hipocampo, córtex e tronco cerebral.

Os antibióticos são conhecidos por perturbar a comunidade microbiana intestinal, o que pode resultar em efeitos prejudiciais na função e no comportamento do cérebro. Foi demonstrado que a administração de antibióticos desde a idade de desmame em diante pode induzir mudanças na microbiota intestinal, junto com subsequentes prejuízos na memória de reconhecimento de objetos e expressão alterada de BDNF no hipocampo quando medido durante a idade adulta. O comprometimento da memória foi associado a mudanças na expressão de moléculas de sinalização relevantes para a cognição (incluindo BDNF, GRIN2B, transportador 5-HT e NPY) dentro do hipocampo e em outras regiões cerebrais relacionadas à memória. Essas descobertas destacam a importância da microbiota intestinal no desempenho da memória de reconhecimento e na função hipocampal.

Um grande número de estudos concentrou-se na exploração dos efeitos benéficos dos tratamentos com probióticos e prebióticos na modulação da saúde e na prevenção ou restauração dos déficits cognitivos associados às mudanças na microbiota intestinal. Cepas de Lactobacillus têm sido amplamente utilizadas para esse fim, ajudando a restaurar déficits na memória de reconhecimento de objetos induzidos por estresse crônico e restrição de alimentos em camundongos. O tratamento probiótico com cepas seletivas de Bifidobacterium em camundongos saudáveis ​​também pode melhorar seletivamente a memória de reconhecimento de objetos, diminuir o número de erros em testes de memória espacial e induzir uma melhor aprendizagem de longo prazo. Além disso, estudos também mostram benefícios do uso de fibras como B-GOS para melhoria de desempenho cognitivo.

Pesquisas em humanos (a relação intestino-cérebro)

Estudos em humanos estão apenas no início mas já existem evidências de que indivíduos obesos com alterações de microbiota intestinal são mais inflamados e tendem a mais alterações no desempenho cognitivo. Em idosos, o tratamento com cepas de Lactobacillus induz melhorias em testes cognitivos. Tratamentos com fibras prebióticas como inulina e oligofrutose atenuam os efeitos do hormônio do estresse cortisol e ajudam a reduzir a ansiedade. O lactobacillus plantarum P8 também contribui para o alívio do estresse e da ansiedade, ao mesmo tempo que reduz os níveis de citocinas pró-inflamatórias em adultos.

Uma mistura probiótica contendo B. longum e diferentes cepas de Lactobacillus afetou positivamente a função cognitiva e o estado metabólico em pacientes com doença de Alzheimer. Melhorias cognitivas na capacidade de tomada de decisão foram observadas em pacientes com diagnóstico de fibromialgia após suplemenetação de várias espécies de probióticos. Estes resultados em conjunto indicam a eficácia potencial dos probióticos para melhorar a função cognitiva em populações clínicas saudáveis ​​e doentes.

À medida que o campo da pesquisa microbiota-intestino-cérebro progride e amadurece, fica mais evidente de que a microbiota pouco saudável aumenta a incidência de várias questões de saúde. Muitos distúrbios cerebrais e comportamentais estão relacionados à exposição a estressores exógenos, desregulação da resposta ao estresse do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e mecanismos de enfrentamento individuais, todos componentes da resposta ao estresse, que são agora reconhecidos como sendo modulados pela microbiota.

A variedade de doenças e processos de doenças nos quais a microbiota está envolvida, incluindo transtornos psiquiátricos e neurodegenerativos, dor, ansiedade, estresse, síndrome do intestino irritável (SII), derrame, compulsão e obesidade (Cryan et al., 2019)

Este campo de pesquisa ainda está em desenvolvimento. Atualmente, a maior parte dos estudos mostra benefícios da modulação da microbiota para tratamento da SII. Nas outras condições ainda existem muitas questões a serem respondidas. Mesmo assim, adotar uma dieta antiinflamatória, rica em compostos bioativos, alimentos e suplementos pro e prebióticos tende afetar positivamente cognição e comportamento nas mais diversas condições. Com certeza, mais estudos estarão disponíveis em breve, o que é uma perspectiva estimulante na área da nutrição.

Exemplo de psicobiótico para manipulação:

  • Lactobacillus gasseri - 1,5 bilhões de UFC

  • Lactobacillus helveticus - 1,5 bilhões de UFC

  • Bifidobacterium longum - 1,5 bilhões de UFC

  • Bifidobacterium breve - 1,5 bilhões de UFC

Aviar doses suficientes para X dias, em cápsulas vegetais.

Posologia: Consumir 1 dose ao dia 30 minutos antes da refeição ou antes de dormir.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/