Causas da seletividade alimentar no autismo

A alimentação da criança com autismo pode ser desafiadora para a família e para os profissionais que acompanham o desenvolvimento infantil. Sem nutrientes, não há fabricação de neurotransmissores, hormônios, enzimas, anticorpos. Sem nutrientes o metabolismo muda. Muitas pessoas com autismo apresentam seletividade alimentar. Uma criança que aceita apenas nuggets ou apenas arroz apresentará carências nutricionais que podem sim comprometer crescimento, desenvolvimento, aprendizagem.

A seletividade é influenciada por alterações sensoriais, que geram resistência à novos aromas, texturas, cores e assim por diante. O tratamento envolve aproximações sucessivas, lentas, de forma calma, em um ambiente descontraído. Seletividade alimentar não é frescura e pode exigir tratamento. A perseverança é muito importante e o processo pode ser auxiliado e facilitado por fonoaudiólogo ou terapeutas ocupacionais especialistas na questão.

Com paciência e persistência, pessoas com autismo acabam se habituando e aceitando novos alimentos. Pode ser que no início a criança apenas brinque com a comida e nada mais. Outras vezes a criança permitirá que o alimento fique em sua mesa mas não em seu prato. Tudo vai depender da sensibilidade individual. Sabe a criança que faz ânsia de vômito? Pois é hipersensível a algo. Se o cheiro, por exemplo, é repugnante, fará ânsia. Se a criança faz ânsia com brócolis, cozinhe-o junto com outros vegetais, para disfarçar o cheiro. E use pouca quantidade. Use especiarias que a criança tolere.

Haverão dias que a criança permitirá uma aproximação maior. com o alimento Talvez um dia aceite a textura, o aroma e permitirá que o alimento entre no prato, mesmo que não o coma. Tem crianças que tocam, cheiram, lambem e esse processo continua até que haja uma habituação ao alimento em questão. Cada etapa pode demorar dias, semanas, meses. Exige calma, muita calma pois o nervosismo pode tornar o alimento ainda mais aversivo para a criança.

Claro, enquanto a criança não estiver comendo bem, se beneficiará da suplementação dos nutrientes que estejam carentes na dieta. Não desista pois com uma dieta e suplementação adequados a criança dormirá melhor, ficará menos agitada ou irritada.

Se precisar procure também um gastro e faça testes de alergias alimentares ou um exame nutrigenético que possa auxiliar na melhor compreensão do metabolismo da criança. Se ela chora muito após a alimentação pode estar tendo desconfortos gastrointestinais que acabam aumentando a rejeição a certos alimentos.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/