Abordagem integrativa das doenças autoimunes

A autoimunidade é uma falha do sistema imune que faz com que as células reajam contra os tecidos do próprio corpo. Qualquer doença que resulte desse tipo de resposta é chamada de doença autoimune. Exemplos de doenças autoimunes são artrite reumatóide, psoríase, lúpus eritematoso sistêmico, vitiligo, tireoidite de hashimoto, doença celíaca, eczema, esclerose múltipla, síndrome de Sjögren e doença de Graves.

Doenças autoimunes são multifatoriais. Podem de decorrer de falhas de genes que controlam a apoptose (morte celular programada), da hiperativação de linfócitos, da desregulação na ação das células imunes ou de problemas hormonais. Além disso, gatilhos como estresse, infecções, contato com toxinas, dieta inapropriada, alergias, uso de medicamentos, metais pesados e disbiose intestinal podem desencadear, perpetuar ou agravar as doenças autoimunes.

Por serem complexas as doenças autoimunes requerem uma abordagem integrativa. Seguem dicas importantes de qualquer protocolo autoimune:

1o - Durma bem. Coma cedo, tome banho, relaxe à noite, desligue o celular. Cuide da sua higiene do sono. Pessoas que dormem pouco ou mal possuem o sistema imune mais desregulado, sentem-se mais cansadas e sem energia. Aproveite a quarentena, fique em casa e coloque o sono em dia.

2o - Movimente-se. O sedentarismo aumenta o risco de muitas doenças crônicas e aceleram a progressão das doenças autoimunes. A atividade física aumenta a quantidade de células T reguladoras, diminui a secreção de imunoglobulinas e equilibra Th1/Th2. Também ajuda a reduzir marcadores inflamatórios como IL-6 e induzir a resposta antiinflamatória (Sharif et al., 2018). Com isso, os pacientes sentem menos dores. O movimento é seguro para a maioria absoluta dos pacientes com doenças autoimunes. Ache uma atividade que goste de fazer e siga em frente.

3o - Cuide do seu intestino. Ele equilibra o sistema imune e vice-versa. Se o intestino não funciona o corpo permanece inflamado e não consegue defender-se contra invasores. Além disso, um mal funcionamento intestinal compromete a absorção de nutrientes essenciais para o reparo de células e para a regulação do sistema imune. Para o intestino funcionar bem capriche no consumo de fibras e alimentos fermentados. O caldo de ossos (caldo de mocotó feito em casa) e a maçã cozida com casca também são boas estratégias para quem está precisando cuidar do intestino. Converse também com o seu nutricionista sobre a suplementação de probióticos. Isto é especialmente importante para as pessoas fazendo uso de múltiplos medicamentos, que bagunçam o intestino.

4o - Suplemente vitamina D até que as concentrações plasmáticas fiquem entre 80 e 100 ng/ml. A vitamina D3 pode também ser suplementada com K2 e vitamina A. Estes micronutrientes atuam de forma sinérgica.

5o - Adote uma dieta antiinflamatória (sem leite e sem glúten, pelo menos nos primeiros meses de tratamento. Para grande parte dos pacientes com doenças autoimunes estes alimentos contribuem para maior permeabilidade intestinal, o que facilita a passagem para o sangue de substâncias não necessariamente benéficas. Além disso, não coma mais do que precisa. Comer demais, beliscar o tempo todo pioram o quadro nas doenças autoimunes.

6o - Consuma mais ômega-3. Este ácido graxo presente na chia, na linhaça e nos peixes do mar, com maior teor de gordura é um potente antiinflamatório. Suplementos de ômega-3 de boa qualidade também podem ser prescritos, com bons efeitos (Li et al., 2019).

7o - LOW FODMAP - Teste a dieta com baixo teores de fodmaps e inclua na suplementação enzimas digestivas caso tenha sintomas como constipação, diarreia, gases, dor abdominal ou alterações gastrointestinais não resolvidas. Após 90 dias de dieta os alimentos eliminados começam a ser reintroduzidos e testados. A calma é muito importante, especialmente para os pacientes com doença de Crohn, colite ulcerativa e síndrome do intestino irritável.

8 - Dê um tempo, pare, descanse. Nossa vida corrida não dá tempo para o corpo descansar e para as células se reparem. Aprenda a fazer nada, deitar na rede, meditar, praticar yin yoga… O importante é sair da roda vida e respirar fundo.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/