Metabolismo dos sais biliares e saúde

Os sais biliares fazem parte da composição da bile, fluído produzido pelo fígado e armazenado na vesícula biliar. Têm por objetivo auxiliar a absorção de diferentes tipos de lipídios (gorduras), por meio da emulsificação. Funsionam como um detergente biológico, permitindo ao organismo excretar colesterol e absorver a gordura consumida, assim como as vitamina A, D, E e K.

O interessante é que o metabolismo dos sais biliares influenciam a saúde intestinal. Os sais biliares também funcionam como moléculas sinalizadoras que ativam receptores específicos, gerando cascatas de eventos. O receptor TGR5, por exemplo, está presente na vesícula e também nas células do intestino, particularmente no íleo e no cólon (Pols et al., 2011).

Quando há um metabólito no intestino é produzido um ácido biliar secundário que atua como agonista do TGR5, estimulando-o. Esta ligação aumenta o GLP-1 (glucagon like peptídio). Existem evidências de que o melhor funcionamento do TGR5 melhora a tolerância à glicose e mantém as ilhotas pancreáticas mais saudáveis, o que deve-se em parte ao aumento do GLP-1 (Pols et al., 2011).

A ativação do TGR5 também reduz a inflamação em várias partes do trato digestivo. Se a microbiota está equilibrada este processo leva à maior produção de compostos fenólicos, vitaminas, ácidos graxos de cadeia curta e minerais. Para equilíbrio da microbiota o consumo de água é fibras é muito importante.

Os ácidos biliares primários conjugados (as bolinhas em azul na imagem) ligam-se a compostos fenólicos dos alimentos e podem servir como uma plataforma para bactérias intestinais que possuem a hidrolase do sal biliar (Bsh), levando à produção de ácidos biliares não conjugados (as bolinhas em lilás). Também ligam-se às fibras da dieta e são metabolizados por bactérias específicas com atividade de desidroxilação 7-alfa, gerando ácidos biliares secundários (bolinhas em laranja). O fato de as fibras da dieta poderem ligar os ácidos biliares secundários sugere que podem desempenhar um papel na regulação dos níveis de ácidos biliares no intestino.

A maior quantidade de ácidos biliares secundários leva à maior produção de mucina que diminui o risco de pólipos intestinais e câncer de cólon. Por isso, o consumo de frutas, verduras, castanhas, cereais (arroz integral, quinoa, aveia), leguminosas é tão importante.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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