“Isso me dá um tic-tic nervoso, tic-tic nervoso…". A música tic-tic nervoso foi um dos sucessos da banda magazine nos anos 80. Fala dos estresses do dia a dia e de uma forma de reação a ele. Tiques nervosos são atos ou movimentos repetitivos, involuntários, estereotipados e compulsivos, como balançar o corpo ou a cabeça, piscar os olhos repetidas vezes, torcer a boca ou o nariz. Estes tiques costumam desaparecer durante o sono ou quando a pessoa está bem concentrada. Já estresse e cansaço, ansiedade ou excitação podem aumentar a intensidade dos tiques.
Cerca de 10% das crianças em idade escolar apresentam tiques que aparecem como forma de aliviar a tensão. Tempo para descanso e relaxamento são fundamentais. Muitas crianças fazem atividades excessivas. Tem escola, balé, inglês, piano. Podem também estar passando por situações difíceis, em casa ou na escola. Recriminar os tiques não adianta. O que a criança está precisando é de apoio e sensação de segurança. Desta forma, a tendência é que os tiques desapareçam espontaneamente.
Contudo, existem também transtornos de ansiedade mais graves que podem gerar tiques. E existe também a síndrome de Tourette, uma perturbação neurológica crônica que inicia-se antes dos 18 anos de idade e exige terapia psicológica e uso de medicamentos. Suas causas não são completamente conhecidas mas parece haver um componente genético importante, além de anomalias na produção de neurotransmissores como a dopamina. O diagnóstico é feito por neurologista ou neuropediatra. A síndrome não tem cura mas com acompanhamento de uma equipe multiprofissional (médico, terapeutas, nutricionistas, educadores) os sintomas melhoram significativamente.
A síndrome está relacionada ao excesso de dopamina nos gânglios da base (estriado/substância negra) e é importante reduzir ansiedade e trabalhar medos para evitar ativação do eixo HPA. Além disso é importante modular GABA (discuto isso em vídeos da plataforma https://t21.video). Evidências atuais sugerem que não há uma dieta única capaz de beneficiar indivíduos com a síndrome de Tourette. No entanto, relatos de pais de crianças com ST sugerem que certos alérgenos, cafeína e açúcar nos alimentos podem piorar os tiques (Ludlow & Rogers, 2018), assim como intolerâncias alimentares não tratadas. A correção de carências nutricionais existentes, como vitamina B6, magnésio e ômega-3 também parece reduzir os sintomas. Contudo, mais estudos são necessários nesta área.