Gordura de pato, faz sentido usar?

Algumas pessoas vem me perguntando sobre o uso da gordura ou banha de pato para cozinhar. Vem sendo recomendada por alguns profissionais que acreditam que, por conter mais ômega-3 do que azeite e óleo de canola, seria mais saudável. 

De fato, ácidos graxos ômega-3 são bastante importantes para a saúde principalmente por suas propriedades antiinflamatórias. Mas vejamos a composição da gordura de pato:

A gordura de pato contém aproximadamente 33% de gordura saturada, 50% de gordura monoinsaturada e 13% de gordura poliinsaturada (ômega-6 e ômega-3). Sendo que a quantidade de ômega-3 é baixa (apenas 1 grama) enquanto a quantidade de ômega-6 é bastante elevada (quase 12 g). O ideal é que na dieta a proporção ômega-6:ômega-3 seja de 4:1 ou menos. Ou seja, para cada 4 gramas de ômega-6, pelo menos 1 grama de ômega-3. Isso porque a partir dos ácidos graxos ômega-6 uma série de mediadores com propriedades inflamatórias são produzidas. Já a partir do ômega-3 muito menos inflamação é gerada.

Dizem por aí que a gordura de pato é riquíssima em ômega-3. De fato, ela possui muito mais ômega-3 do que outros óleos como canola, óleo de amendoim, óleo de milho, óleo de girassol e um pouco mais do que o azeite de oliva. Contudo, possui um desequilíbrio entre ômega-3 e ômega-6. O azeite de oliva, por exemplo, possui menos ômega-3 mas também possui menos ômega-6 do que a gordura de pato, assim como bem mais gordura monoinsaturada, antiaterogênica. 

Uma dieta balanceada pode conter várias fontes de gordura. Se você consome alimentos de origem animal gosta do sabor da gordura de pato ela é uma opção. Contudo, como vimos é rica em ácidos graxos do tipo ômega-6. Mais do que a manteiga, menos do que os óleos de amendoim, milho, girassol e soja, que também são riquíssimos em ômega-6, ou seja, possuem alto potencial inflamatório.

Azeite de oliva, o consumo de peixes e de sementes continua sendo a melhor estratégia para melhorar o aporte de ômega-3, assim como a suplementação de óleo de peixe ou óleo de linhaça, caso necessário.

No caso específico da Síndrome de Down e do Alzheimer há ainda uma outra questão: a gordura de pato, assim como a gordura de ganso é fonte de SAA, proteína que entra no organismo em caso de disbiose intestinal aumentando a neuroinflamação (Pistollato et al., 2016). O que acha, faz sentido usar?

Discuto mais sobre estes temas no curso Nutrição na Síndrome de Down:

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/