Em 2009 comprei um diário. Comecei a escrever e parei, comecei e parei, comecei e parei. De lá para cá escrevi nele várias vezes mas nunca com frequência. Não é a toa que só agora suas páginas estão se aproximando do fim. Para algumas pessoas é muito difícil colocar os sentimentos para fora. Sou uma delas mas melhorei ao longo dos anos. Expresso com muito mais facilidade o que penso, o que sinto, o que gosto, o que quero. Fui perdendo o medo de me expor. Talvez isto tenha a ver com a idade, tenha a ver com o processo de autoaceitação pelo qual todos temos que passar durante a vida.
Tem gente que vai ao psicólogo e mesmo lá não tem coragem de abrir a boca, de expor o que realmente importa, de revelar segredos. Eu tinha medo do meu diário. Não contava nem para ele o que estava dentro de mim. É estranho que tenhamos vergonha de compartilhar nossa humanidade. Afinal, a maioria das pessoas enfrenta muitos demônios, possui grandes inseguranças, questiona-se todo tempo sobre pensamentos, ações, medos, desejos. Mas podemos ser vulneráveis só por hoje. Afinal, muitas pessoas ao nosso lado vão nos tratar com total consideração apesar de tudo, apesar de sermos assim, como somos. E até por sermos assim, como somos.
Mas o mais interessante foi que aprendi que quanto mais me abro, mais me aceito e mais os outros me aceitam também. E isto é tão importante! Entre 2004 e 2014 mantive um consultório em Brasília. A maior parte dos pacientes me buscavam para aconselhamento na área de emagrecimento. Mas na verdade durante a consulta eu sempre descobria que as pessoas já sabiam muito sobre nutrição. O que faltava era a autoaceitação. O amor próprio. Sem eles, a comida pode virar válvula de escape. Por isto, se você é tão fechado como eu sempre fui te deixo alguns desafios (não precisa fazer todos de uma vez só):
- conte a alguém como você está se sentindo.
- compartilhe algo que você nunca compartilhou.
- elogie alguém, mesmo que tenha dificuldade.
- cuide-se, mesmo que isso signifique mudar rotinas (dormir mais cedo, mudar de emprego, deixar o celular de lado, sair da rede social...)
- mostre a alguém de confiança aquela parte de você que você esconde do mundo.
Para encontre seu caminho, você não poderá se esconder nem dar desculpas. Mas se a sua voz interna estiver negativa demais procure ajuda. Converse com seu melhor amigo, com seu professor de yoga, com um terapeuta, com um coach. O objetivo é aprender a falar gentilmente com você mesmo. A bondade interna aumenta nossa motivação para que possamos correr atrás de nossos sonhos.
Lendo meu diário, desde 2009, vi que em muitos momentos me deixei levar pela conversa negativa. Mas o trabalho de escrever foi modelando minhas emoções e minhas atitudes. Hoje minha conversa interna é bem mais amigável. Por isto, vou continuar escrevendo, me expondo e mostrando minha vulnerabilidade.
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