Mais e mais pessoas adotam uma abordagem de qualidade de vida não relacionada à contagem de calorias. Isso não significa o abandono da saúde, pelo contrário. Pesquisadores apontam que pessoas que comem de forma intuitiva, prestando atenção às sensações corporais apresentam uma relação mais positiva com o próprio corpo. Além disso, a prevalência de distúrbios alimentares também cai, assim como a depressão. Isso tudo contribui para uma melhor relação com a vida, o que gera maiores cuidados com a própria saúde e também com o meio ambiente.
A proposta de deixar de lado a contagem de calorias surgiu ao se observar que as dietas geravam mais problemas do que soluções, como o aumento do risco de osteoporose, da insatisfação corporal, elevação do cortisol (hormônio do estresse), ansiedade e compulsão alimentar. Além disso, pesquisadores defendem a proposta visto que nem toda a pessoa acima do peso possui uma saúde ruim. Além disso, dietas tradicionais costumam ser inflexíveis, rígidas, perfeccionistas, indutoras de culpa, punidoras.
Propostas que pregam o comer consciente deixam de lado não só a contagem de calorias e a pesagem dos alimentos, mas também deixam de lado a frequente tomada de medidas do corpo e de suas partes. As técnicas de alimentação consciente são mais gentis e vão aumentando, gradativamente, a capacidade da pessoa em selecionar alimentos adequados, em qualidade e quantidade, de forma intuitiva e prazerosa. O paradigma da "não dieta" é, portanto, flexível, alegre, natural, calmo, prazeroso, satisfatório e promotor de um estilo de vida saudável, não restritivo.
O conceito de racionalidade nutricional, proposto por Viana e colaboradores (2017) refere-se às práticas alimentares constantemente atentas ao equilíbrio de nutrientes, em detrimento do prazer de comer e dos valores com que a alimentação marca o convívio social a ele associado. Tais práticas alimentares sinalizam preocupações centradas no “consumo de alimentos limpos” e com a “alimentação balanceada”. Os aspectos nutricionais são mais valorizados do que os socioculturais da comida. Só que o ato de comer é repleto de significados, que vamos internalizando desde a infância. O estresse e a falta de prazer associados à alimentação também são adoecedores.