Anatomistas sempre acreditavam que o sistema imune fosse completamente separado do cérebro. O corpo poderia ser invadido por vírus, bactérias, fungos, tumores, mas o cérebro sempre estaria protegido.
Apesar disso, existem muitos relatos e pesquisas que alertavam para o fato de que a inflamação, as reações alérgicas à alimentos e as toxinas produzidas por microorganismos intestinais afetavam o cérebro e o comportamento. Agora, pesquisa publicada em junho na Nature demonstrou pela primeira vez que há sim uma conexão física entre o cérebro e o sistema imune.
O sistema nervoso é privilegiado, não sendo tão atacado pelo sistema nervoso como outros tecidos. Isto, em parte, deve-se à barreira hemato-encefálica (Carson et al., 2006). Contudo, pensava-se também que o cérebro não fosse drenado pelo sistema linfático, o que não é verdadeiro de acordo com equipe de pesquisadores da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos (Filiano et al., 2016).
Vasos linfáticos foram identificados nas meninges - membranas que circundam o cérebro e a medula espinhal. Para os pesquisadores esta conexão abre um novo campo de pesquisa. Os mesmos agora tentarão identificar as associações entre alterações da imunidade e doenças neurológicas e psiquiátricas, incluindo doença de Alzheimer, esclerose múltipla e autismo.
Anthony J. Filiano, Yang Xu, Nicholas J. Tustison, Rachel L. Marsh, Wendy Baker, Igor Smirnov, Christopher C. Overall, Sachin P. Gadani, Stephen D. Turner, Zhiping Weng, Sayeda Najamussahar Peerzade, Hao Chen, Kevin S. Lee, Michael M. Scott, Mark P. Beenhakker, Vladimir Litvak and Jonathan Kipnis. “Unexpected role of interferon-γ in regulating neuronal connectivity and social behaviour”. Nature. Online July 13 2016 doi:10.1038/nature18626