Em junho o IBGE divulgou a análise da POF de 2008/2009 após visitar 60 mil domicílios brasileiros. A desigualdade social continua enorme entre famílias do Sudeste e do Nordeste. No documento são detalhados os gastos com Habitação, Alimentação, Transporte, Saúde, Educação, Impostos, Contribuições trabalhistas, Pagamento de dívidas etc., segundo diferentes faixas de rendimento das famílias.
A pesquisa mostra, por exemplo, que em seis anos, a participação urbana da alimentação fora do domicílio nos gastos com alimentação subiu de um quarto (25,7%) para um terço (33,1%), e a rural subiu de 13,1% para 17,5%. Comendo mais na rua o brasileiro acaba ingerindo mais alimentos industrializados, calóricos e com mais sódio.
A análise regional aponta que o maior percentual com alimentação fora do domicílio ocorreu na Região Sudeste (37,2%), enquanto os menores percentuais ocorreram nas Regiões Norte (21,4%) e Nordeste (23,5%).
Em valores, a despesa média mensal familiar com alimentação foi de R$ 421,72, sendo R$ R$ 290,39 gastos com alimentação no domicílio e R$ 131,33, na alimentação fora do domicílio. Nas famílias com rendimentos mais altos (acima de R$ 10.375,00), a proporção da despesa com alimentação fora do domicílio (49,3%) é praticamente igual à despesa com alimentação no domicílio (50,7%).
O grupo de alimentos carnes, vísceras e pescados lidera os gastos com alimentação, tanto na média do País (21,9%) quanto nas áreas urbana (21,3%) e rural (25,2%). A seguir, na área urbana, vêm Leites e derivados (11,9%), Panificados (11,0%) e Bebidas e infusões(10,0%). Na área rural, vêm Cereais, leguminosas e oleaginosas (13,1%), Leites e derivados (8,7%) e Aves e ovos (8,5%).
Uma boa notícia é que 64,5% das famílias declararam ter alimentos em quantidade suficiente para chegar ao fim do mês, contra 53% em 2002/03. Porém frutas e verduras nem aparecem nesta lista de compras. Vamos aguardar até a liberação dos dados sobre o índice de massa corporal da população. A expectativa é que, assim como mostram outras pesquisas, a população esteja cada vez mais obesa, o que nos aproxima da situação dos EUA, na qual não só o excesso de peso é um problema de saúde pública mas doenças relacionadas como diabetes e hipertensão.