Terapia Nutricional na Cirurgia Bariátrica

A obesidade grau III é uma síndrome crônica de difícil tratamento. O mesmo geralmente envolve dieta, atividade física, terapia comportamental, uso de medicamentos e, quando tudo isto falha, a cirurgia bariátrica. Esta cirurgia costuma ser indicada para indivíduos com IMC acima de 40kg/m2, que tenham feito tratamento clínico e acompanhamento nutricional por pelo menos 2 anos consecutivos sem sucesso e que apresentem co-morbidades como diabetes, pressão arterial elevada, a artrose ou apnéia do sono. Mesmo optando-se pela cirurgia, o aconselhamento nutricional e psicológico é muito importante visto que sem uma reeducação alimentar o risco de insucesso e ganho posterior de peso é grande.

A orientação nutricional no período pré-operatório tem como objetivos preparar o paciente para o programa de alimentação do período subseqüente à cirurgia e promover uma reeducação alimentar que possibilite a perda de peso sem que desenvolvam-se deficiências nutricionais. Após a cirurgia, dependendo da técnica adotada o volume inicial aceitado pelo paciente varia entre 50 e 500mL por horário e a consistência da dieta é líquida para que o estômago não seja muito estimulado. Açúcar, gordura e laticínios são excluídos da dieta por aproximadamente 5 dias. Alimentos bem aceitos incluem água, água de coco, bebidas isotônicas, chás, sucos de frutas naturais coados, caldo de vegetais coados e gelatina diet. Após a primeira semana a dieta evolui e são introduzidos laticínios desnatados, sucos de frutas peneirados, sopa com carne liquidificada, temperos e pudins. Nesta fase, os volumes ainda são pequenos e deve-se atentar bastante para a hidratação do paciente. Geralmente permanece-se com esta dieta por mais 15 dias, iniciando-se então uma dieta de transição para uma consistência mais pastosa.

Receba a newsletter semanal. Dra. Andreia Torres é nutricionista, mestre em nutrição, doutora em psicologia clínica, especialista em yoga.

Pode-se incluir ovos cozidos moles, biscoitos misturados com leite, frutas raspadas ou amassadas e caldo de feijão. A dieta pastosa pode ser necessária por mais 15 até 30 dias. É importante que a mastigação seja lenta e cuidadosa, que os líquidos sejam ofertados longe dos horários das refeições e que sejam escolhidos alimentos nutritivos, ricos em cálcio, proteínas, ferro, ácido fólico e vitaminas. Seguindo-se a este período segue-se a dieta branda, com digestão facilitada pela cocção ou ação mecânica. Por isto excluem-se ainda alimentos muito fibrosos e consistentes e as refeições ainda são bastante fracionadas (6 a 9 vezes ao dia) com volumes pequenos. Esta fase costuma durar outros 15 dias quando o paciente torna-se apto a receber uma alimentação normal, ou aquela da família. Erros alimentares devem ser trabalhados e alimentos ricos em nutrientes devem ser escolhidos. A suplementação protéica e de vitaminas e minerais também será necessária. Converse com seu médico e com seu nutricionista. Após o período pós-cirúrgico entra-se no período de manutenção. O reganho de peso infelizmente é comum, por isto a mudança de estilo de vida é fundamental.

Você precisará praticar atividade física para ganhar musculatura e adotar uma dieta saudável. Não é uma punição, é a receita de saúde para todo mundo e não só para ex-obesos. Contudo esta reprogramação do estilo de vida pode levar até 2 anos. Por isto, o acompanhamento é fundamental.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/