Merenda escolar no combate à desnutrição

Programas robustos de refeições escolares são fundamentais para reduzir a fome em regiões em desenvolvimento. Na África, os programas de alimentação escolar tentam integrar ações que visam o combate à desnutrição, a prevenção da obesidade e a educação nutricional.

No Brasil, projeto similar teve origem na década de 1950. Chamado hoje de Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) tem como objetivo fornecer alimentação escolar e ações de educação alimentar e nutricional a estudantes de todas as etapas da educação básica pública.

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O cardápio escolar deve ser elaborado por nutricionista, respeitando os hábitos alimentares locais e culturais, atendendo as necessidades nutricionais específicas e incluindo alimentos frescos adquiridos de pequenos produtores rurais.

Crianças e jovens bem alimentados aprendem melhor, apresentam melhoria do desempenho nas atividades realizadas. A constituição federal garante a todos os brasileiros o acesso à alimentação adequada e saudável. É uma grande tarefa conseguir fazer isso tudo com os valores repassados pelo governo às escolas por dia letivo para cada aluno::

  • Creches: R$ 1,07

  • Pré-escola: R$ 0,53

  • Escolas indígenas e quilombolas: R$ 0,64

  • Ensino fundamental e médio: R$ 0,36

  • Educação de jovens e adultos: R$ 0,32

  • Ensino integral: R$ 1,07

  • Programa de Fomento às Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral: R$ 2,00

  • Alunos que frequentam o Atendimento Educacional Especializado no contraturno: R$ 0,53

São desafios do programa de alimentação escolar: (1) conseguir maior valor por criança;  (2) desenvolver formas de fiscalização;  (3) fortalecer o controle social; (4) aprimorar sistemas de gestão; (5) ampliar parcerias; (6) envolver agricultores familiares; (7) melhorar a infraestrutura das escolas para transporte, armazenamento e produção das refeições; (8) aperfeiçoar o processo de avaliação e execução do programa; (9) avaliar o impacto do programa na saúde e aprendizagem das crianças.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Saúde começa na terra

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Morei a vida toda em Brasília. Sou uma nutricionista urbana. Vou ao supermercado e identifico frutas e verduras. Mas até pouco tempo se você mostrasse uma árvore e me perguntasse o que era eu dificilmente conseguiria fazer a identificação. Tudo isso mudou no ano passado quando minha filha se envolveu com projetos de agricultura urbana e CSAs (Comunidades que Sustentam a Agricultura). 

Com ela passei a frequentar hortas comunitárias, fazendas de alimentos orgânicos, feiras. E agora, para onde olho vejo plantas comestíveis. Sabe aquele matinho que cresce no terreno ao lado da sua casa? Pode ser de comer, pode ser delicioso e nutritivo e agora consigo enxergar.

Antes eu só era capaz de identificar as árvores que existiam na casa em que morei na infância: jaboticabeira, amoreira, mangueira, limoeiro. Agora ando pela cidade e identificando pé de jambo, pé de abacate, pé de pitanga, de lichia, romã, carambola, acerola, mesmo que não estejam floridos ou com frutos. 

Virei praticamente uma coletora urbana, saio para passear e respirar o ar puro e sempre volto com algo: folha de amora para o chá, frutas colhidas nos parques, arbustos comestíveis para a salada...

Se você quiser aprender também procure as hortas urbanas próximas à sua casa. Procure também as CSAs e apoie um agricultor orgânico a produzir alimentos saudáveis para sua família.

Pode também plantar ervas na sua horta ou na janela da sua casa. Plantas possuem uma quantidade grande de fitoquímicos e outras substâncias antioxidantes, essenciais para a prevenção de doenças, o bem estar e a longevidade.

Quer aprender mais? O livro mais prestigiado na área é a maravilhosa publicação do Dr. Valdely Kinupp: plantas alimentícias não convencionais no Brasil. Super recomendo.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Inflação e desnutrição

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A Venezuela tem as maiores reservas de petróleo e gás natural do mundo mas a crise internacional de 2014 fez o preço do barril despencar no mundo.  A taxa de inflação no país chegou a 800% ao ano. Falta emprego e comida no país. O colapso econômico veio acompanhado de desnutrição infantil e aumento da mortalidade. 

Diante da grave crise política e econômica milhares de famílias venezuelanas têm cruzado a fronteira para o Brasil fugindo da pobreza da fome e da violência. A desnutrição em crianças atrasa o desenvolvimento e a aprendizagem, interfere na imunidade e carrega consigo efeitos nocivos para toda a vida, limitando as oportunidades de estudo e trabalho e perpetuando a pobreza.

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Em Pacaraima, Roraima, milhares de Venezuelanos chegam pela fronteira e encontram no Brasil também poucas oportunidades. Sem qualificação profissional, famílias e suas crianças passam a viver nas ruas, expostas ao calor, à chuva, à violência. Segundo levantamento feito pelo governo de Roraima já foram realizados mais de 50.000 atendimentos a Venezuelanos nos hospitais públicos da região. Chegam desnutridos e com doenças infecciosas como malária, Leishmaniose, tuberculose...

Em 2016, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou a Declaração de Nova Iorque sobre migrantes e refugiados. O documento pede uma resposta para os novos desafios, especialmente apontando os riscos que as crianças refugiadas e migrantes enfrentam. O Brasil, como membro, compromete-se a proteger as crianças refugiadas, permitir que as mesmas voltem imediatamente à escola, tenham acesso à saúde e outros serviços de qualidade e sejam protegidas da violência, da xenofobia, discriminação e marginalização.

O Brasil tem à frente mais um grande desafio ao acolher este novo grupo. Precisamos pensar em estratégias para o combate à diarreia, má nutrição, melhorar as condições higiênico-sanitárias, a saúde materna e o bem-estar enquanto enfrentamos nossa própria crise econômica, política e de saúde.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/