Monitoramento de glicemia para diabéticos e não diabéticos

Não sou diabética mas resolvi monitorar minha glicose por 1 mês e aprendi muito. Fiz esse monitoramento justamente no período mais crítico do ano. O mês de dezembro, cheio de festas de confraternização, bebidas, festas de natal, ano novo e férias ao Marrocos.

Atualmente as pessoas só recebem acompanhamento ou monitoram a própria glicemia se já estão pré-diabéticas ou diabéticas. Mas o ideal é aprender a prevenir estas condições. É para isso que fazemos exames de rotina e verificamos pressão sanguínea, níveis de colesterol, ácido úrico, homocisteína, variações hormonais.

As pessoas costumam pensar em saudável ou não saudável, doente ou não doente. Contudo, a nossa saúde é mais parecida com um espectro em que vai de ótimo a muito ruim. Compreender onde você se encontra neste espectro pode te ajudar a se proteger de doenças no futuro.

Você tem ideia de onde está neste espectro?

Todo mundo sabe que sedentarismo, dieta rica em alimentos ultraprocessados, altos níveis de estresse e falta de sono não fazem bem para ninguém. Mas, mesmo pessoas fisicamente ativas, que comem bem, podem estar passando por mudanças metabólicas que chegam devagarzinho e vão, ao longo dos anos, comprometendo a saúde.

Muitos sintomas só aparecem quando a situação é grave. Por isso, acompanhar a glicose é importante. A sua glicose no sangue flutua ao longo do dia, mas geralmente é rigidamente regulada numa faixa normal pelo seu corpo. No entanto, quando você come repetidamente alimentos altamente processados, não faz exercícios físicos, perde o sono e fica estressado, a capacidade do seu corpo de regular a glicose no sangue de maneira eficaz começa a sofrer. Essa quebra da regulação efetiva da glicose é o que lentamente inclina a balança para a disfunção metabólica.

A maior variabilidade da glicose está associada ao desenvolvimento de doenças cardíacas e estresse oxidativo, compulsão alimentar, que podem levar à inflamação crônica e está ligada à obesidade. Estabilizar os níveis de glicose ajuda a manter a saúde metabólica, física e mental.

Você não pode gerenciar o que não mede.

Não sabemos se estamos metabolicamente saudáveis a não ser que façamos avaliações. A maioria das pessoa só descobre que as coisas não estavam bem quando ficam doentes. Monitorar sua glicose no sangue é um ótimo lugar para começar. Ele fornece pontos de dados mensuráveis imediatos e de longo prazo que se relacionam diretamente com sua saúde.

Como posso monitorar a glicose no sangue?

Existem várias maneiras de monitorar a glicose no sangue, mas nem todas oferecem as mesmas informações.

  • Teste de hemoglobina A1C

Este teste fornece um número médio de glicose no sangue nos últimos 3 meses, sendo usado principalmente como uma ferramenta de diagnóstico para pré-diabetes e diabetes.

No entanto, a maioria das pessoas só faz exames de sangue de rotina uma ou duas vezes por ano, então você não terá uma visão completa do que está acontecendo com os seus níveis de glicose no sangue e, se notar alguma alteração no seu hbA1C, não terá dados para fornecer informações sobre por que essas mudanças ocorreram.

Estudos demonstraram que o hbA1C não é tão preciso em pessoas não diabéticas quando comparado aos diabéticos, e o hbA1C não captura a variabilidade da glicose, que sabemos ser uma medida importante.

  • Teste de Tolerância à Glicose

Um teste de tolerância à glicose é outra maneira de ver a eficácia do seu corpo na absorção de glicose. Este teste envolve uma coleta de sangue seguida da ingestão de uma bebida açucarada contendo cerca de 75g de açúcar. Depois de beber esta bebida, você esperará 2 horas e testará sua glicemia novamente. Se sua glicose estiver acima de 140mg/dL ou 7,8 mmol/L, isso indica pré-diabetes ou diabetes tipo 2 se estiver acima de 200mg/dL ou 13mmol/L.

Da mesma forma, este é um teste de diagnóstico que seria difícil de repetir constantemente em casa e não oferece nenhuma visão sobre o espectro da saúde metabólica, em vez disso, mostra resultados binários.

  • Uso do glicosímetro

Outra opção para monitorar a glicose é usar um glicosímetro para testar o açúcar no sangue, mas isso requer picadas frequentes nos dedos, o que pode ser doloroso. Também pode ser um desafio interpretar os padrões, pois o glicosímetro mostra apenas sua glicose no sangue naquele momento, e não ao longo do tempo.

  • Monitoramento contínuo da glicemia (CGM)

Você pode ver quais são seus níveis de glicose em tempo real e sua resposta de glicose a alimentos, exercícios e fatores de estilo de vida. Você também verá tendências nas suas flutuações de glicose, glicose em jejum, glicose média e o tempo gasto na faixa ideal de 70 - 140 mg/dL ou 3,9 - 7,8 mmol/L.

O emparelhamento de um CGM com um aplicativo como o Veri fornece informações personalizadas sobre as tendências da glicose e permite que você veja a conexão entre seu estilo de vida e seu efeito sobre sua saúde.

Como seus níveis de glicose são afetados pelo que você come, atividade física, estresse, sono e outros fatores do estilo de vida, observar a resposta da glicose mostra quais hábitos podem estar prejudicando você e quais intervenções estão funcionando.

Por exemplo, você pode querer testar quais alimentos “saudáveis” estão servindo ao seu corpo e aos seus objetivos. Uma das razões pelas quais as dietas não funcionam da mesma forma para as pessoas é que todos nós temos uma resposta única aos alimentos, especialmente aos carboidratos. Por exemplo, banana para uma pessoa pode ser ótimo, mas para outras pode gerar picos de açúcar no sangue. Um monitor contínuo de glicose (CGM) pode te ajudar a entender quais alimentos deve manter e quais evitar.

Você poderá começar a perceber que a falta de energia que sente todas as tardes no trabalho se deve aos níveis muito elevados ou muito baixos de glicose no sangue. Ou que a sua glicemia sobe quando está doente, como aconteceu comigo. Para perceber tudo isso usei o CGM ligado ao app Veri.

No vídeo abaixo mostrei como uma mudança de estratégia alimentar, com a inclusão de uma quantidade maior de fibras, fez a minha glicemia ficar muito mais estável.

Se você descobrir que seus níveis de glicose demoram mais de duas horas para retornar à linha de base após as refeições, você pode ser resistente à insulina e pode começar a incorporar coisas como treinamento de força para aumentar sua sensibilidade à insulina.

Lembre: a prevenção de doenças crônicas é muito mais fácil do que o tratamento de um problema como o diabetes. A perda da saúde metabólica também gera maior risco de doenças cardíacas, obesidade, doença hepática gordurosa, síndrome dos ovários policísticos nas mulheres.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Picos de glicose ao acordar

A alta da glicemia logo pela manhã assusta muita gente. Afinal, não estiveram horas e horas dormindo, sem comer? Como a glicose no sangue pode acordar alta?

Os 4 principais culpados pela hiperglicemia matinal

  1. Fenômeno do amanhecer (ou do alvorecer) - nas primeiras horas da manhã, o cortisol e o hormônio do crescimento elevam-se, avisando o fígado para aumentar a produção de glicose. Isto fornecerá energia para cérebro, músculos, coração que começarão a funcionar mais intensamente, fazendo você despertar. Para quem não é diabético e não tem resistência à insulina não há problema. O pâncreas produzirá mais insulina, que manterá os níveis de glicose normais. Mas para quem tem baixa produção hormonal ou, em situações em que a insulina não exerce adequadamente seus efeitos, a glicose sobe.

  2. Efeito Somogyi - se a sua glicemia cair demais à noite seu corpo entrará em modo de proteção. Transformará aminoácidos em glicose para te proteger. É o que acontece quando perde o jantar ou aplica muita insulina.

  3. Erro (para baixo) na dose da medicação - Por outro lado, se você é diabético e não aplicou a insulina na quantidade certa à noite, sua glicose pode manter-se alta demais.

  4. Inflamação. Pessoas com viroses ou outros problemas que geram inflamação tendem a ter hiperglicemia em vários momentos do dia. Isto acontece muito com pacientes internados em unidades de tratamento intensivo.

Verifique sua glicemia na hora de dormir. Se acordar à noite verifique novamente, assim como logo ao acordar. O ideal é usar um monitor contínuo de glicose (CGM). Assim, poderá dormir a noite toda e ele coletará os dados necessários automaticamente.

As leituras do aparelho informarão quando seus altos e baixos níveis ocorrerem e isso, por sua vez, te ajudará a traçar estratégias adequadas para a correção do problema. Pode ser necessário o ajuste da medicação, da dieta, da atividade física…

Se você não usa insulina, pode levar um bom tempo de tentativa e erro antes que você e o seu médico descubram a melhor estratégia de medicação e estilo de vida para ajudar a reduzir as altas da manhã.

Ao acordar, se estiver com a glicemia alta, poderá fazer uma caminhada para ajudá-la a reduzir. Deverá evitar carboidratos neste horário adotando refeições cetogênicas (com mais gordura) até que os níveis glicêmicos retomem ao normal. Está com fome? Coma abacate, coco, leite de coco, café ou chá com TCM

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Dieta cetogênica para tratamento do diabetes e prevenção de doenças cardiovasculares

Após o consumo de um pão, seu sistema digestivo vai liberar enzimas que quebrarão o amigo em glicose. Esta vai ser absorvida e cair na corrente sanguínea. Para evitar níveis absurdamente altos e prejudiciais o pâncreas produzirá o hormônio insulina.

Ao ser secretada pelas células β pancreáticas e circular pelo corpo, a insulina se liga aos receptores de insulina (IRs) nas membranas das células-alvo. Isso resulta na fosforilação do substrato do receptor de insulina (IRS) e na ativação subsequente de duas vias de sinalização primárias: (1) a via fosfoinositida3-quinase (PI3K)/proteína quinase B (Akt) e (2) a via da proteína quinase ativada por mitógeno (MAPK).

A ativação da Akt tem várias funções. Uma delas é levar o transportador de glicose sensível à insulina GLUT4 para a membrana das células musculares e adiposas, permitindo a entrada de glicose na célula. A via MAPK ativa fatores de transcrição, como ELK1, que promovem a divisão e crescimento celular, assim como a síntese de proteínas.

Quando a glicose entra na célula será oxidada (queimada) para produção de ATP. Assim, a principal função da insulina é regular o suprimento de energia do corpo. Mas existem pessoas que apresentam resistência ao hormônio insulina. As principais causas dessa resistência são obesidade ou acúmulo de gordura na região abdominal, alto consumo de carboidratos, inatividade física com baixo percentual de massa magra, sono desregulado, alto nível de estresse. Lembre: existem pessoas obesas sem resistênica insulínica e pessoas magras com resistência insulínica.

Dieta cetogênica no tratamento do diabetes

Uma das estratégias para corrigir a resistência insulínica, prevenir ou tratar o diabetes é a dieta cetogênica. O exame abaixo mostra o exame de um indivíduo com insulina de 22,16 (valor ideal de 6 a 11), Homa beta de 300 (valor ideal de 100 a 175) e Homa-IR de 5,0 (valor ideal até 1,9). Ou seja, ia entrar em falência pancreática. Com um mês de dieta cetogênica tudo normalizou e insulina basal caiu para 4,84 (melhor valor em 5 anos!).

Sem isso, além de tornar-se dependente das injeções de insulina, pessoas com alterações similares correm sério risco de desenvolver problemas hepáticos. O fígado é o órgão primário de ação da insulina. Este hormônio liga-se aos receptores hepáticos de insulina, ativando suas vias de sinalização para produção de glicogênio (estoque de açúcar), ácidos graxos e triglicerídeos.

Após um jejum noturno, o fígado de um indivíduo saudável produz glicose a uma taxa que atende às necessidades do cérebro. Em indivíduos não diabéticos, a produção basal de glicose humana. A insulina liberada na veia porta após a ingestão de glicose ou refeição suprime a produção de glicose pelo fígado. A falha do fígado em perceber esse sinal resulta em resistência insulínica hepática. Resultado? Maior produção de glicose, mais hiperglicemia, pior controle do diabetes.

Outra complicação importante e precoce da resistência hepática à insulina é a indução da produção hepática de VLDL, por meio de alterações na taxa de síntese e degradação de apoB e lipogênese de novo, ou aumento do fluxo de ácidos graxos livres do tecido adiposo para o fígado.

A resistência à insulina também estimula a produção de PCR e PAI-1, ambos marcadores de um estado inflamatório. Todas as anormalidades metabólicas relacionadas à resistência hepática à insulina aumentam o risco de aterosclerose.

A própria hiperglicemia induz disfunção endotelial, proliferação celular, alterações na conformação da matriz extracelular e comprometimento da captação mediada por receptores de LDL, diminuindo a depuração in vivo de LDL.

LDLs pequenas e densas associadas a VLDL de alta circulação têm maior afinidade com os proteoglicanos da camada íntima dos vasos, levando à penetração de mais partículas de LDL na parede arterial. A PCR também pode acelerar a aterosclerose por aumentar a expressão de PAI-1 e moléculas de adesão em células endoteliais, inibição da formação de óxido nítrico e aumento da captação de LDL em macrófagos.

Ou seja, a resistência hepática à insulina é suficiente para induzir vários componentes da síndrome metabólica e promover a progressão para doença cardiovascular. Para evitar problemas sérios de saúde adote um estilo de vida saudável.

DIETA CETOGÊNICA PASSO A PASSO (para leigos).

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/